A batalha do Equador contra o crime organizado: uma ameaça crescente para a região
A onda de violência no Equador revelou que o avanço do tráfico de drogas e do crime organizado não se trata de um problema local – diferentes países já o enfrentam – e que a situação pode piorar na região, trazendo consigo as previsíveis consequências econômicas, políticas e sociais que isso implica.
A crescente demanda global por cocaína e a localização geográfica do Equador, entre a Colômbia e o Peru, duas nações que, junto com a Bolívia, são responsáveis por 100% do cultivo de coca, segundo os dados da ONU, fizeram do país um importante centro de transporte de drogas. Especialmente entre o porto de Guayaquil, no sul, e o México ou a Venezuela, antes de sua transferência para os Estados Unidos ou a Europa.
Os grupos criminosos têm se aproximado dos centros de produção de cocaína para obterem acesso a fornecimentos e grandes quantidades de drogas, indicou a ONU no seu Relatório Mundial sobre Drogas 2023, acrescentando que estes grupos estrangeiros não pretendem assumir o controle do território. Pelo contrário, tentam tornar as linhas de abastecimento mais eficientes.
Essa situação transformou Guayaquil, em particular, e outras cidades do Equador, em um campo de batalha constante entre os grupos criminosos locais e aliados de cartéis internacionais, especialmente aqueles baseados no México.
A professora da Universidade de British Columbia, Grace Jaramillo, disse à BNamericas que a violência no Equador tem suas raízes na Colômbia e no México.
“O que presenciamos no Equador é uma combinação de eventos que já vimos no México e na Colômbia. “O narcotráfico espalhou seus tentáculos quando tentaram subjugar os cartéis da Colômbia e o negócio foi assumido pelos mexicanos, que transformaram o narcotráfico em uma empresa multilatina, perversa, mas, infelizmente, bem-sucedida”, afirmou.
A base de operações, o desenvolvimento de estratégias e as decisões provêm do México, assim como a forma como ganham espaço no cenário político e institucional dos Estados”, acrescentou a especialista.
Uma série de ataques sem precedentes ocorreram em todo o Equador, na terça-feira (9), em resposta aos esforços do governo para reprimir estas organizações, o que levou o presidente Daniel Noboa a declarar que o país estava em “estado de guerra”, afirmando que havia um “conflito armado interno”.
O presidente, também, identificou 22 grupos criminosos “como organizações terroristas e atores beligerantes não estatais”. O chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador, Jaime Vela, classificou-os como “alvos militares”, à medida que milhares de soldados foram mobilizados.
Segundo a mídia local, algumas armas e explosivos apreendidos logo após os ataques de terça-feira traziam a insígnia das Forças Armadas Peruanas, ameaçando estender o conflito mais ao sul.
Na quarta-feira, o ministro da Defesa peruano, Jorge Chávez, solicitou uma auditoria do material militar de todos os institutos armados para determinar se, de fato, houve granadas provenientes das Forças Armadas no ataque a Guayaquil.
Por sua vez, o Governo peruano declarou estado de emergência nas regiões de Tumbes, Piura, Amazonas, Cajamarca e Loreto, temendo que a violência se espalhasse.
“A situação no Equador é a ponta do iceberg. Agora está neste país, mas está claro que no Peru, por exemplo, o tráfico de drogas está envolvido em várias regiões da selva e que o porto de Callao é utilizado”, explicou Julio Carrión, professor de ciência política e relações internacionais da Universidade de Delaware à BNamericas.
“Parece que o tráfico de drogas também está se infiltrando no Chile, porque é um dos poucos países em que seus portos depositam muita confiança nos mercados internacionais, onde não aplicam o mesmo nível de vigilância aos produtos que chegam, em comparação com os portos peruanos, equatorianos ou colombianos”, acrescentou.
Com a produção de cocaína subindo para 2 mil toneladas em 2020, de acordo com o relatório da ONU, os gangues têm incentivos significativos para encontrar novas rotas marítimas na região.
UM DESAFIO REGIONAL
Noboa, que assumiu a presidência em novembro do ano passado e governará até maio de 2025, terá muito pouco tempo para implementar uma política eficaz de controle do crime organizado, ainda mais, considerando-se a escassez de fundos públicos.
As consequências políticas e econômicas de declarar uma guerra interna no país podem ser muito graves. Se o presidente conseguir obter vantagem, poderá retornar a uma situação de relativa calma na qual as atividades econômicas poderão ser desenvolvidas, indicou Jaramillo.
No entanto, o maior desafio a médio prazo para o Equador será recuperar a institucionalidade das diferentes instâncias do Estado, incluindo a função judicial, e envolver a comunidade internacional na luta contra o tráfico de drogas até que a paz seja alcançada a longo prazo. No entanto, a tarefa parece ser longa e difícil.
Carrión acredita que o poder crescente do crime organizado é um desafio ao qual os sistemas políticos não têm prestado atenção suficiente.
“Esta não é apenas uma questão de segurança, mas um problema político, que requer não só o fortalecimento dos estados nacionais, mas também a colaboração regional. Existe um perigo latente de que a violência continue a expandir-se na América Latina e isso requer ações eficazes”, enfatizou Carrión.
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