A economia mexicana desacelerará em 2024 devido à incerteza nos EUA

O México será afetado pelos problemas econômicos dos Estados Unidos, mesmo apesar da decisão de Washington de elevar o teto da dívida, o que evitou maiores consequências em nível global.

Embora o acordo, aprovado pelo Senado dos Estados Unidos em 1º de junho, tenha eliminado um importante fator de incerteza nos mercados financeiros e com efeitos positivos para o peso, persistem dúvidas quanto à solidez dos bancos médios dos Estados Unidos. Isso, por sua vez, poderia desencadear uma recessão, sem que o México – maior parceiro comercial dos Estados Unidos – escapasse do golpe econômico sofrido pelo vizinho do norte, disse à BNamericas o vice-diretor de análise econômica do CI Banco no México, James Salazar.

“O fato de não haver acordo [sobre o teto da dívida] antecipou a possibilidade de recessão. Esse fator se dissipa ou é eliminado, mas o risco de recessão permanece porque a realidade é que o que está por trás dessa perspectiva [econômica] é a política monetária restritiva, aquela subida rápida das taxas de juro e as dúvidas que continuam a existir nos bancos regionais”, disse Salazar.

O Banco Central do México (Banxico) alertou sobre os riscos da exposição aos Estados Unidos em seu relatório trimestral divulgado em 31 de maio e revisou para baixo a expectativa de crescimento da economia nacional para 2024, de 1,8% para 1,6%, “em decorrência de uma deterioração na previsão de crescimento da produção industrial nos Estados Unidos”.

“Em geral, uma desaceleração da atividade econômica no México continua sendo antecipada a partir do segundo trimestre de 2023 devido ao complexo ambiente externo que persiste”, acrescentou.

No entanto, para o final deste ano, o Banxico elevou sua projeção central para 2,3%, ante 1,6% no relatório anterior, apoiado na resiliência da economia nacional.

As recentes dificuldades enfrentadas por algumas instituições financeiras nos Estados Unidos e na Europa não tiveram um impacto significativo nos mercados financeiros domésticos nem nas perspectivas de inflação do país, de acordo com o relatório.

No entanto, “as vulnerabilidades detetadas no sistema bancário externo acrescentam uma dimensão adicional de complexidade a um ambiente já complicado, ainda afetado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia”, acrescentou o Banxico.

Salazar explicou: “Ainda existe a possibilidade de recessão. É por isso que na maioria das estimativas de nós que pensamos que isso pode ocorrer no final deste ano, vemos os ajustes em 2023. E aqueles que acreditam que [a recessão] será adiada até 2024, os ajustes para a economia da atividade estão sendo mais notados nas projeções para o próximo ano”.

A pesquisa do instituto emissor sobre as expectativas dos analistas do setor privado para maio revelou que as perspectivas para o PIB de 2024 permaneceram em patamares próximos aos de abril, embora a mediana tenha recuado de 1,7% para 1,6%. Para este ano, os analistas preveem que o PIB mexicano crescerá 2,0%, em vez dos 1,6% previstos em abril.

No início de abril, o FMI anunciou que espera que a economia mexicana cresça 1,8% em 2023, após 3,1% em 2022. Em 2024, prevê que o PIB mexicano desacelere para 1,6%.