A nova V.tal: 3 unidades de negócio e foco em datacenters

A nova estrutura organizacional e corporativa da V.tal reforça a importância dos segmentos de datacenter e cabos submarinos da empresa brasileira, que ganham uma nova unidade de negócios para supervisionar as operações.

Após fazer uma oferta de R$ 5,68 bilhões (US$ 1 bi) pela ClientCo – operação de varejo de fibra da Oi –, a V.tal, que atua como atacadista e player de rede neutra, revelou como serão suas operações quando a transação for aprovada, conforme aguardam os credores da Oi. A V.tal é controlada por fundos ligados ao BTG Pactual e tem a própria Oi como sócia.

A nova operação terá três unidades. Pedro Henrique Fragoso, ex-sócio do BTG e especialista em private equity e investimentos em infraestrutura, liderará uma recém-criada unidade de negócios de datacenter.

Amos Genish, que liderou a V.tal desde seu lançamento, manterá seu cargo de presidente, mas deixará de ser CEO.

Felipe Campos, executivo com mais de 25 anos de experiência no setor de telecomunicações, assume como CEO e também será responsável pela operação de fibra no atacado.

Enquanto isso, Marcio Fabbris, que liderou a oferta da V.tal para a aquisição da ClientCo, liderará as operações de varejo se o negócio for concluído.

 “A V.tal segue agora um novo ciclo que poderá dar origem a três empresas independentes, com management distintos, que vão fortalecer ainda mais a nossa atuação no mercado de rede neutra e atacado, nos ajudar a ter um olhar mais estratégico para datacenters e a construir a nova empresa de clientes de fibra a partir da aquisição da UPI ClientCo da Oi após a sua concretização.”, declarou Genish em comunicado.

A V.tal relatou um crescimento interanual de 32% na receita, fechando em R$ 3,6 bilhões no primeiro semestre do ano. O lucro subiu 209%, para R$ 610 milhões.

SEPARAÇÃO

A V.tal também informou que a ClientCo operará sob uma estrutura separada, com gestão e governança independentes, de modo a reforçar o “compromisso da V.tal com a neutralidade da operação de rede neutra”.

Comentando o acordo, o CEO de uma grande operadora brasileira disse à BNamericas na quinta-feira (26) que, dado o contexto de mercado, a aquisição da ClientCo pela V.tal foi um resultado natural. Segundo ele, a V.tal, enquanto parceira da Oi, não tinha outra opção a não ser absorver a operação de varejo de fibra e tentar conter a perda de valor e clientes pela qual passava o negócio.

Por outro lado, a fonte acredita que a entrada do player atacadista na arena do varejo não ajuda a imagem da V.tal como uma rede neutra.

Devido a possíveis conflitos de interesse, o executivo crê que sua própria empresa será forçada a reavaliar o contrato vigente para o uso da rede da V.tal, que ela aluga para oferecer fibra até o lar (FTTH) para os clientes finais.

Ao mesmo tempo, a fonte não descartou a aquisição de parte ou da totalidade da ClientCo, caso a V.tal decida vendê-la. “Mas acredito que todo esse processo de absorção da ClientCo ainda levará vários meses”, comentou.

A V.tal tem mais de 22 milhões de residências disponíveis para fornecimento de FTTH, 26 mil quilômetros de cabos submarinos conectando o Brasil a Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia, Bermudas e EUA, além de datacenters distribuídos entre Brasil e Colômbia.