Anglo avalia cisão de unidade de platina e outros ativos após rejeitar nova proposta de fusão com a BHP

Depois de rejeitar uma nova proposta de aquisição apresentada pela BHP, de 34 bilhões de libras esterlinas (US$ 42 bilhões), 10% mais alta que a primeira, a empresa londrina Anglo American vai reestruturar seus negócios para se concentrar nos segmentos de cobre, ferro e nutrientes agrícolas.

A empresa está aberta à venda ou cisão da Anglo American Platinum, unidade de produção de metais de platina do grupo na África do Sul, bem como da sua linha de diamantes e dos ativos de carvão coque, informou em um comunicado na última segunda-feira (13).

A Anglo – com operações no Chile, Peru, Brasil, Europa, Ásia, África e Austrália – considerou que a nova oferta da BHP subestimava a companhia mais uma vez.

De acordo com a última oferta, 100% em ações e apresentada em 7 de maio, os acionistas da Anglo ficariam com 16,6% da empresa fundida, ante 14,8% da oferta inicial. No entanto, a incerteza persiste, segundo analistas, já que a BHP tem até 22 de maio para retificar sua proposta.

A venda das subsidiárias sul-africanas Anglo Platinum e Kumba Iron Ore, como a BHP havia solicitado, não era atrativa, pois esses ativos têm um valor de mercado de US$ 15 bilhões, ou 34% da segunda proposta, afirmou a Anglo.

Mas ela estaria disposta a abrir mão de sua unidade de produção de metais de platina para otimizar o valor para os seus acionistas, considerando que esse item contribui com US$ 7 bilhões para o Ebitda da empresa, disse o CEO Duncan Wanblad no relatório de resultados de 2023.

“Se concretizada, seria uma das fusões mais relevantes do mercado de mineração da última década e transformaria a BHP no maior produtor mundial de cobre e carvão metalúrgico, além de um produtor importante de níquel e ferro”, afirmou Álvaro Merino, diretor executivo da consultoria chilena Núcleo Minero, em conversa com a BNamericas no mês passado.

Com a transação, a BHP teria uma participação de 10% no mercado global de cobre, enquanto a estatal chilena Codelco – maior produtora do metal vermelho hoje em dia – ficaria com cerca de 7%, segundo dados da mineradora Cochilco.

A BHP é a maior mineradora do mundo em termos de capitalização de mercado, com US$ 148,69 bilhões. A Anglo fica na 13ª posição, com US$ 44,09 bilhões, de acordo com informações do site Companiesmarketcap desta terça-feira.

Em resposta à BHP, a Anglo anunciou uma estratégia de simplificação da sua estrutura que, segundo seus cálculos, permitirá a economia de US$ 1 bilhão este ano e a redução de US$ 1,6 bilhão de seus gastos de capital nos próximos três anos.

Entre as prioridades da companhia estarão as operações de cobre na América do Sul, que incluem Quellaveco, no Peru, e Los Bronces e Collahuasi, no Chile, e as operações de minério de ferro no Brasil e na África do Sul.

“Os acionistas verão todos os benefícios dessas mudanças abrangentes, que trarão à tona o valor dos nossos ativos de cobre e minério de ferro”, disse Wanblad.

ÁFRICA DO SUL

Depois do Chile e do Peru, a África do Sul foi o país em que a Anglo American mais investiu. Além disso, a empresa foi fundada por lá em 1917.

Embora a Anglo tenha destacado as características geológicas das suas operações minerárias ligadas à platina na África do Sul, onde estão localizados o complexo Bushveld e as minas Mogalakwena, Dishaba, Tumela e Mototolo, bem como a mina Unki, no Zimbábue, a desaceleração do mercado, os problemas de abastecimento de energia e a infraestrutura precária seriam alguns dos motivos para a cisão.