Apesar da queda acentuada, reservatórios hidrelétricos do Brasil estão em uma situação 'confortável'

Os níveis de água nos reservatórios hidrelétricos do Brasil tiveram uma queda significativa no último ano, mas a situação do armazenamento de energia nacional permanece confortável, disse um especialista local à BNamericas. 

De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o subsistema Sudeste/Centro-Oeste está, atualmente, com 66,3% da capacidade de armazenamento de energia, quase 20 pontos a menos do que há um ano. 

No Nordeste e no Sul, os níveis caíram de 79,3% para 68,1% e de 93,7% para 85,0% da capacidade, respectivamente. 

No Norte – região que enfrentou uma seca severa no ano passado – o índice permaneceu estável em aproximadamente 90%. 

O subsistema Sudeste/Centro-Oeste é o mais importante do país, representando 70% da capacidade de armazenamento hidrelétrico do Brasil. 

Diante desse cenário, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mudou a bandeira tarifária de energia elétrica após dois anos, para uma tarifa mais alta, e poderá acionar a bandeira vermelha nos próximos meses.  

Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da consultoria Nottus, afirmou que ano passado foi o melhor já registrado em termos de níveis dos reservatórios. 

“Mesmo com a queda nos reservatórios nos últimos meses, eles ainda podem ser considerados cheios neste momento, comparados ao total histórico. Essa situação ainda é mais confortável do que a média dos últimos anos”, disse ele à BNamericas. 

Para os próximos meses, segundo o especialista, a expectativa é de chuva normal a um pouco abaixo da média na maior parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) e de normal e a um pouco acima da média no Sul.

“Em geral, isso implicaria em uma estimativa de deplecionamento médio em torno de 20% do SIN até o final do período seco (fim de outubro), chegando perto de 48% a 52%. Ano passado, no final de outubro, tínhamos 68% no SIN”, disse Nascimento. 

GARANTIA DE ABASTECIMENTO

Durante uma reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltou a importância do planejamento no setor para encontrar medidas que aumentem a oferta de recursos para suprir a crescente demanda de geração de energia elétrica no país.

Ele destacou a decisão de reduzir a vazão das usinas hidrelétricas de Jupiá e Porto Primavera no Rio Paraná para conservar os reservatórios durante a estação seca e evitar recorrer às usinas termelétricas. 

“Também estamos avançando nos investimentos em várias obras no país e na modernização do parque elétrico, buscando sempre o equilíbrio entre modicidade tarifária e segurança energética”, afirmou Silveira.