Atrasos e custos elevados afetam grandes projetos de mineração no Chile

Altos custos e atrasos estão afetando grandes projetos de cobre no Chile.

A canadense Teck Resources e a estatal Codelco são algumas das empresas que tiveram que enfrentar esses cenários, que, segundo o centro de estudos do cobre Cesco, afetam 80 iniciativas de mineração de grande e médio porte no país.

Entre 2006 e 2022, o investimento médio em projetos do metal vermelho aumentou de US$ 500 milhões para US$ 2 bilhões, calcula o Cesco. No mesmo período, iniciativas de grande porte tiveram atrasos médios de 4,3 anos, enquanto as de médio porte registraram atrasos de 6,3 anos, embora os custos dos atrasos neste último segmento sejam menores, segundo um estudo do Cesco.

Por outro lado, a estatal Cochilco indica que 12 iniciativas que concentram um investimento de US$ 19,6 bilhões tiveram sua implementação postergada entre um e três anos no final do ano passado. Entre os motivos estão a pandemia e a instabilidade dos mercados internacionais, conforme consta no relatório mais recente de investimentos em mineração da agência de cobre.

No entanto, o setor também enfrenta outras complexidades, como a obtenção de licenças ambientais.

“Os prazos são mais longos do que em outras jurisdições comparáveis e há uma falta de certeza em relação aos padrões a serem cumpridos. Além disso, quando as licenças são, finalmente, obtidas, não se sabe se elas serão mantidas ou estarão sujeitas a intermináveis processos administrativos e/ou judiciais”, disse à BNamericas o advogado especialista em mineração Rony Zimerman, do escritório Lembeye.

No projeto de cobre Quebrada Blanca Fase 2 (QB2) da Teck, a pandemia causou uma paralisação da construção na metade de 2020.

Na última atualização, do terceiro trimestre de 2022, o capex do projeto QB2 aumentou para US$ 7,7 bilhões, após considerar um investimento inicial de US$ 4,7 bilhões em 2018.

QB2 produzirá entre 285.000-315.000 t de cobre por ano durante 27 anos. Atualmente, está em fase de comissionamento.

Embora QB2 seja a maior iniciativa do Chile, de modo geral, o investimento inicial de grandes projetos de mineração aumentou de uma média de US$ 1,2 bilhão para US$ 2 bilhões, representando um custo adicional de 65% nos últimos 20 anos, segundo o Cesco.

Enquanto isso, na mineração de médio porte, o custo excedente foi de 11%, passando de US$ 250 milhões para US$ 280 milhões.

Outros fatores que impactam os custos são o aumento dos preços dos insumos, o aumento dos custos de engenharia, o envelhecimento dos depósitos, a queda dos teores dos minérios e as novas exigências socioambientais, apontam Cesco e Cochilco.

Essas variáveis influenciaram a Codelco. No ano passado, seu custo direto aumentou 24,6% em relação ao ano anterior, disse o presidente do conselho da empresa, Máximo Pacheco, em um fórum no início do ano. O dirigente atribuiu a alta, além dos fatores citados acima, a aspectos como inflação, baixa produtividade do setor de construção e lentidão nos processos de aquisição.

Este cenário afetou o desenvolvimento de seus projetos nas divisões Chuquicamata, El Teniente, Andina e Salvador, que visam substituir antigos depósitos para aumentar a produção.

O capex de Chuquicamata Subterránea teve um custo adicional de 53% e o investimento atual supera US$ 6 bilhões. Além disso, ele está atrasado. Inicialmente, a produção estava prevista para 2018, mas a Codelco foi obrigada a estender a vida útil da mina, primeiro para 2025 e agora para 2032, afirmou Pacheco à Câmara dos Deputados em março.

A carteira de projetos em El Teniente, que busca aprofundar a exploração do depósito subterrâneo em três níveis – Andes Norte, Diamante e Andesita –, aumentou seu capex para US$ 5,6 bilhões este ano, o que representa um custo adicional de 75%, acrescentou Pacheco.

Da mesma forma, o início da produção tem um atraso de um ano, e a implantação do sistema de movimentação de materiais na Andes Norte, de três anos. O projeto ainda não tem data oficial de início.

Em Rajo Inca, a Codelco busca prolongar a vida útil da mina a céu aberto Salvador em 47 anos, após o fechamento de sua mina subterrânea no ano passado, mas tem um atraso de cerca de 15 meses atribuído a fatores como pandemia, problemas de abastecimento, atrasos nos trabalhos de pré-stripping e mudança de estratégia, segundo um documento da Câmara dos Deputados.

Inicialmente, Rajo Inca iniciaria a produção em 2019. Agora, estima-se que em 2026 atinja sua capacidade máxima. O gasto de capital de US$ 1,4 bilhão será revisto.

O atraso no comissionamento dos projetos da Codelco influenciou a queda de 10,7% de sua produção no ano passado, para 1,4 milhão de toneladas de cobre fino.

O Chile é o maior produtor mundial de cobre e a Codelco, a maior mineradora do metal vermelho.