BNDES e BNB aprovam financiamento de R$ 1,8 bi para operadora de aeroportos

O BNDES, banco federal de desenvolvimento do Brasil, em cofinanciamento com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), aprovou uma operação de project finance de R$ 1,8 bilhão (US$ 350 milhões) para o grupo aeroportuário espanhol Aena.

O crédito será usado pela Aena para financiar investimentos em seis aeroportos no Nordeste do Brasil, informou o BNDES em um comunicado. Em 2019, a empresa venceu o leilão para a concessão por 30 anos de um bloco de aeroportos que atendem as cidades de Recife, Maceió, João Pessoa, Campina Grande, Aracaju e Juazeiro do Norte.

A operação faz parte dos esforços do BNDES para aumentar o uso da modalidade project finance non-recourse para projetos de infraestrutura.

“As ações do BNDES para promover esse tipo de financiamento são extremamente importantes para atrair mais bancos para esse tipo de operação e para garantir financiamento para projetos de infraestrutura que já foram leiloados e para aqueles que ainda serão”, destacou à BNamericas Oscar Malvessi, consultor de negócios, especialista em project finance e professor na Fundação Getulio Vargas.

Segundo o BNDES, a estruturação do empréstimo foi possível devido à evolução e maturidade do modelo de concessões no setor aeroportuário.

O BNDES contribuirá com R$ 1 bilhão, enquanto o BNB, banco de desenvolvimento da região nordeste, fornecerá o restante. O BNDES também ofereceu fiança bancária correspondente a 50% do valor aprovado pelo BNB.

“A modelagem prevê ainda a possibilidade de captação de até R$ 1 bilhão a mais pela concessionária, provavelmente via mercado de capitais, quando os principais investimentos forem finalizados e a concessionária apresentar capacidade financeira para captar novas dívidas”, disse o BNDES.

A Aena é uma das várias empresas que demonstraram interesse nas concessões previstas para outros 15 aeroportos brasileiros, revelou um representante do governo à BNamericas, pedindo para não ser identificado.

O governo planeja realizar os leilões desses aeroportos no segundo semestre. Os aeroportos são utilizados para voos domésticos e envolvem investimentos de R$ 7,3 bilhões. Eles serão oferecidos em três blocos, combinando os mais rentáveis com os menos rentáveis.

PROJECT FINANCE NON-RECOURSE  

A operação com a Aena não é isolada, já que o BNDES está trabalhando para avançar na oferta de crédito na modalidade project finance non-recourse para projetos de infraestrutura com o objetivo de atrair novos players.

“O modelo de project finance non-recourse é muito importante, pois oferece flexibilidade para empresas de infraestrutura de todos os portes, assumindo mais projetos, sem deixar todas as suas garantias limitadas a um ou dois grandes projetos”, acrescentou Malvessi.

Em janeiro, o BNDES aprovou uma linha de R$ 200 milhões desse tipo para a pequena concessionária de rodovias Via Brasil MT 100 Concessionária de Rodovias.

Embora a modalidade seja comum em todo o mundo, os projetos brasileiros são financiados principalmente sob o modelo de recurso limitado. Nesse modelo, as garantias corporativas são exigidas dos acionistas, reduzindo o número de projetos que podem ser viáveis e dando vantagem às grandes empresas, que conseguem lidar melhor com vários projetos.

A estratégia do BNDES de ampliar seu portfólio de produtos oferecendo garantias visa atrair outros credores e financiamentos via mercado de capitais para projetos de infraestrutura.

“A assunção de riscos de projetos de infraestrutura pelo BNDES, coerente com o papel de um banco de desenvolvimento, será importante para a atração de outros credores e investidores”, disse Solange Vieira, diretora de crédito a infraestrutura do banco, no comunicado.