México
Análise

Caso Citibanamex afeta peso mexicano, mas a política monetária é mais decisiva

Bnamericas

O peso mexicano perdeu terreno em relação ao dólar no início desta semana, depois que o governo assumiu o controle da concessão ferroviária Ferrosur, do Grupo México, na região do istmo de Tehuantepec.

Após a emissão do decreto que instruiu a Marinha a ocupar a ferrovia e as instalações da Ferrosur, a moeda mexicana e a bolsa local viveram na segunda-feira (22) um dos piores dias do ano e vários analistas financeiros apontaram a medida como uma das Causas.

A decisão do governo chegou a encerrar 16 meses de negociações para a venda ao Grupo México do Citibanamex, uma das maiores instituições financeiras do país.

Apesar dos efeitos gerados pela polêmica, a política monetária do Banco Central do México (Banxico) e do Federal Reserve dos Estados Unidos continuará tendo maior influência sobre o comportamento do peso, que vinha se fortalecendo até esta semana, afirmou Raymundo Tenorio, professor emérito do Tecnológico de Monterrey (TEC) e James Salazar, vice-diretor de análise econômica do CI Banco.

A moeda local recuperou parte do terreno perdido na quarta-feira (24), quando o Citigroup disse que lançaria uma oferta pública inicial de suas operações bancárias para consumidores, pequenas e médias empresas no México, com vistas a concluir a cisão em 2024 ou 2025.

“O peso é a segunda moeda mais apreciada hoje. A valorização está relacionada aos dados positivos da inflação no México e à notícia de que o Citi está desistindo da venda do Banamex”, publicou Gabriela Siller, diretora de análises econômicas do Grupo Financiero Base, em sua conta no Twitter ao saber do anúncio.

“Essa desvalorização [do peso] nestes seis dias se deve a esse fenômeno de desconfiança, risco, perda de prestígio do estado de direito no México”, disse Tenorio à BNamericas, referindo-se à incerteza causada pelo decreto publicado pelo governo para temporariamente assumir a concessão ferroviária da Ferrosur.

“Com o anúncio do Citi, o Grupo México fica livre de apresentar garantias para obter crédito e comprar o Banamex [...] A taxa de câmbio se estabiliza, o preço do Grupo México volta a terreno positivo [na bolsa], mas não deixa o mau prestígio do México prevalecer devido ao respeito ao estado de direito”, acrescentou o analista econômico do TEC.

O PAPEL DO FED

Salazar, do CI Banco, destacou em conversa com a BNamericas que “a questão externa continuará sendo o mais importante no câmbio: o Federal Reserve e a decisão de política monetária”.

O analista financeiro lembrou que a razão da valorização do peso desde o ano passado é o diferencial das taxas de juros que, a rigor, é muito mais atraente no México do que nos Estados Unidos, o que levou o peso a valorizar-se em relação ao dólar em 10% desde o início do ano.

“A política monetária restritiva que o Banxico e o Federal Reserve vêm implementando fez com que o diferencial aumentasse mesmo em termos reais, não apenas nominais, e isso torna os investimentos em pesos mais atraentes. É por isso que ocorreu essa valorização e a vimos abaixo de 18 pesos por dólar”, disse Salazar.

Tenorio destacou que “enquanto a taxa de juros no México for real, ou seja, que a taxa de mercado de retorno da poupança seja 500 a 600 pontos-base acima da inflação, o Banxico não tem problemas em mantê-la fixa”, conforme anunciado pelo diretoria do Banco Central em sua mais recente decisão.

“O rendimento real que está sendo pago em pesos já é o dobro da taxa do Fed, a taxa real, que é de 300 pontos-base, não a nominal. No México, pagar uma taxa real de 500 a 600 pontos-base é suficientemente atraente para reter a demanda por dinheiro”, acrescentou o acadêmico do TEC.

Agora, o fator que mais repercute no comportamento do peso é o debate sobre o teto da dívida nos EUA, disse Salazar.

“Foi isso que fez com que a taxa de câmbio chegasse perto de 18 pesos por dólar nos últimos seis ou sete dias. Essa incerteza pela possibilidade de os EUA entrarem em default, porque a deadline termina na próxima semana sem chegar a um acordo, gerou ou pressionou a taxa de câmbio a subir e o peso a depreciar”, acrescentou.

O analista financeiro estima que o caso interno do que aconteceu com a Ferrosur, do Grupo México, poderia afetar apenas marginalmente o peso. “Desses 40 cêntimos que desvalorizaram, talvez 5 ou 10 tenham a ver com essa questão, mas a realidade é que o que mais importa é a questão externa.”

Várias mineradoras com foco no México informaram que durante o primeiro trimestre a valorização do peso frente ao dólar foi um dos principais fatores que impactaram negativamente seus resultados financeiros, junto com a inflação, situação que se repete em outros setores.

Salazar salientou que, a médio prazo e para o resto do ano, o CI Banco antecipa que possa haver uma desvalorização da moeda local face ao dólar.

“Estimamos que [o peso] feche o ano em 18,60 ou 18,70 pesos por dólar, um peso a mais, porque esse diferencial de juros, que é o que tem causado uma queda tão forte [do câmbio], vai começar a reduzir”.

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