Chile inicia processo de outorga de contratos de lítio

O Chile iniciou o processo de atribuição de contratos especiais de operação de lítio (conhecidos pela sigla “CEOL”) para seis sistemas salinos que poderiam duplicar a produção atual na próxima década.

O ministro da Fazenda, Mario Marcel, indicou que existem doze projetos potenciais, dos quais dois serão outorgados à estatal de cobre Codelco e quatro à estatal Enami, de acordo com a estratégia chilena para o lítio, além de outros seis que irão ser atribuídos em um processo competitivo a players privados.

Juntos, estes poderiam aumentar a produção de lítio em 70% entre agora e 2030, declarou Marcel em comunicado do Ministério da Economia.

A produção equivalente de carbonato de lítio do país atingiu 271 mil toneladas no ano passado com as operações da chilena SQM e da norte-americana Albemarle no salar do Atacama, o que coloca o Chile como o segundo maior produtor do mundo, atrás apenas da Austrália.

Os contratos especiais a serem outorgadas estão localizados em Coipasa, na região de Tarapacá; Ollagüe e Ascotán, na região de Antofagasta; e Piedra Parada, Agua Amarga e Laguna Verde, na região do Atacama, segundo o comunicado.

Os sistemas foram identificados numa análise realizada por uma comissão interministerial que avaliou 88 manifestações de interesse de 50 entidades privadas, compiladas em chamada fechada no primeiro semestre.

Para cada salar ou lagoa será assinado um CEOL, que estabelecerá uma percentagem de concessões mineiras equivalente ou superior a 80% do polígono correspondente.

José Hofer, antigo gestor de inteligência de negócios para lítio, iodo e produtos químicos industriais da SQM e hoje diretor da consultora SC Insight, considera que esta fase da estratégia nacional para o lítio chega tardiamente e sem conhecimento.

“O processo de recolha de manifestações de interesse tem sido uma mera compilação de informação. Muito tempo foi desperdiçado devido à falta de conhecimento e de uma política clara. O mercado do lítio está evoluindo rapidamente. Desde 2015, a demanda duplicou a cada dois anos e, durante o resto desta década, duplicará a cada cinco.”

Os interessados em CEOL devem submeter a candidatura até 31 de dezembro. Uma segunda lista de sistemas e depósitos será anunciada até o final do ano.

Em ambos os casos, estão sendo priorizados “critérios de viabilidade, considerações geológicas e aspectos ambientais”, disse a ministra de Minas, Aurora Williams.

A comissão de especialistas que avaliou as propostas é formada pelos titulares dos ministérios de Minas, Economia, Desenvolvimento e Turismo, Fazenda, Relações Exteriores, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, bem como pelo titular da agência de desenvolvimento Corfo.