Chuvas trazem alívio para os preços da energia no Brasil

As chuvas no início de outubro causaram uma queda de cerca de 30% no preço da energia no mercado brasileiro de curto prazo, ajudando a dissipar os temores de uma crise hídrica que preocupava consumidores e empresas.

A estimativa vem da comercializadora Armor Energia.

Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o preço de liquidação das diferenças (PLD) – principal referência no mercado livre de energia – gira em torno de R$ 470/MWh (US$ 82).

O nível de energia armazenada no principal subsistema hidrelétrico do Brasil (Sudeste/Centro-Oeste) está em torno de 41%, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

O aumento das chuvas tem impacto direto no custo da energia no país. Para Fred Menezes, diretor-executivo da Armor, considerando as chuvas recentes, é possível que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) reclassifique a bandeira tarifária para vermelha patamar 1 em novembro, ante o atual patamar vermelho 2, que corresponde à tarifa mais alta.

O sistema de bandeiras indica as condições de geração e os custos para os consumidores de energia. Quando a produção nas hidrelétricas – que produzem energia mais barata que as termelétricas – é favorável, a Aneel aciona a bandeira verde. Quando há menor disponibilidade hídrica, as bandeiras amarela ou vermelha podem ser acionadas, levando a preços mais altos.

A recuperação dos reservatórios e a consequente redução dos preços da energia no médio e longo prazo dependerá do nível de precipitação durante o período chuvoso que se inicia agora e se vai até março de 2025.

Menezes acredita que o preço dos PPAs (sigla em inglês para “acordos de compra de energia”) de longo prazo ainda não foi afetado pela melhora nas condições hidrológicas, mas é preciso cautela por parte dos investidores que planejam desenvolver projetos de geração de energia greenfield.

“Existe atualmente uma sobreoferta [de energia] no mercado e, com a curva de juros de longo prazo do país subindo, é preciso considerar se novos projetos terão consumidores e uma rentabilidade atrativa”, disse ele à BNamericas.

Se, por um lado, a redução dos preços de energia beneficia os consumidores, por outro, pode dificultar a viabilização de novos projetos de geração, os quais dependem de um PPA atrativo para justificar os investimentos.

Foi o que aconteceu durante os quase três anos em que o PLD se manteve próximo do piso, em torno de R$ 60/MWh, devido às altas chuvas nos verões de 2021-22 e 2022-23. Com a forte seca deste ano, contudo, o PLD subiu bastante, alterando o panorama.