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Ciclo político-econômico do México segue em seu curso habitual

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Ciclo político-econômico do México segue em seu curso habitual

Nos próximos dois anos, o México mergulhará no tradicional ciclo político-eleitoral das últimas seis administrações, durante o qual a economia vive uma fase de expansão e contração causada pela transição para um novo governo, apontou um relatório recente da Moody’s Analytics.

“Isso significa que a economia será beneficiada em 2024 e afetada em 2025. Em particular, a economia sofre os efeitos da mudança de administração a cada seis anos, mas também desfruta dos benefícios do aumento dos gastos durante o processo eleitoral”, destacou o relatório.

Segundo a Moody’s, o ciclo político da economia mexicana tem apresentado duas fases bem definidas durante as últimas quatro décadas.

“A primeira é uma fase de expansão, que ocorre durante os primeiros seis meses do último ano de governo. Nesta fase, a política fiscal é utilizada não só para financiar o processo eleitoral e concluir as obras de infraestrutura do governo no poder, mas também para estimular a economia e gerar um sentimento de bem-estar social com a intenção de conquistar as preferências dos eleitores em relação ao partido no poder”, explicou a agência de classificação.

A segunda fase é de contração, que começa com a retirada do estímulo fiscal após as eleições e se estende até o primeiro semestre do primeiro ano do novo governo, porque, no início de cada nova gestão, há um atraso na execução do orçamento federal.

“Esse atraso nos gastos, juntamente com a incerteza gerada em torno da nova equipa econômica e política, gera um adiamento nas decisões de consumo e de investimento privado, o que se reflete em uma desaceleração da atividade econômica”, de acordo com a Moody’s.

Até o momento, não há nada no horizonte que possa interromper este ciclo, ressalta a agência de classificação. Por isso, prevê que o crescimento econômico do México continuará tendo a política como um dos seus fatores determinantes nos próximos dois anos.

Último ano do mandato de seis anos da gestão de Andrés Manuel López Obrador, 2024 terá eleições presidenciais e parlamentares, além da renovação de governantes de alguns estados e municípios.

ORÇAMENTO ELEITORAL

Em outra nota, o banco de investimento UBS observou que o projeto de orçamento do México para o próximo ano apresenta um aumento significativo nos gastos públicos e o maior déficit fiscal em mais de duas décadas.

Na opinião do UBS, “o projeto reflete a realidade política de um ano eleitoral”. Os gastos públicos passarão de 25% do PIB em 2023 para 26,2% em 2024. A maior parte do crescimento se deve ao aumento dos subsídios e dos programas sociais, que passarão de 2,4% para 2,7% do PIB, e das pensões contributivas, que subirão de 4,2% para 4,4% do PIB.

“Isso significa que a próxima administração provavelmente enfrentará desafios fiscais, como a necessidade de uma reforma tributária e uma solução de longo prazo para o obstáculo fiscal que a Pemex apresenta”, alerta o relatório do UBS.

A Moody’s ressalta que, em 2024, “o processo eleitoral produzirá uma expansão dos gastos públicos para financiar as eleições e um aumento das despesas privadas gerado pela criação de empregos temporários, acompanhado por uma maior demanda por serviços relacionados com as campanhas e por contribuições privadas”.

Além disso, o governo aceleraria o investimento público para concluir obras de infraestrutura antes do final do mandato, segundo a agência. “A economia passará por uma recuperação durante o primeiro semestre de 2024. No entanto, este estímulo nos gastos desaparecerá depois das eleições, também devido ao típico encerramento do orçamento federal no final do período de governo.”

“O efeito contracionista do fim do mandato de seis anos se estenderá até o início da nova administração, dado o atraso na execução do orçamento que resulta da mudança da equipe econômica e política. Isso provocará um prolongamento da desaceleração econômica ao longo do primeiro semestre do primeiro ano do novo governo, que, neste caso, será do quarto trimestre de 2024 até o primeiro trimestre de 2025”, acrescentou.

De acordo com a Moody’s, a magnitude da referida desaceleração no início de 2025 dependerá do grau de certeza em torno do programa econômico do novo governo e da confiança na nova equipe econômica.

O relatório conclui que o crescimento econômico em 2025 poderá ser inferior ao de 2024, como aconteceu durante os últimos seis mandatos. No entanto, como nesse novo ciclo político o governo tomará posse em outubro de 2024, e não em dezembro, a desaceleração em 2025 pode não ser tão acentuada.

AJUSTE PÓS-PANDEMIA

Embora James Salazar, vice-diretor de análise econômica do CI Banco, reconheça que a dinâmica eleitoral de 2024 influencia o ciclo econômico devido ao aumento previsto nos gastos públicos, ele afirmou à BNamericas que, em termos gerais, “o que se espera é que as taxas de crescimento se moderem aos poucos depois das recuperações que vimos por conta da forte queda registrada durante a pandemia”.

“A economia tem crescido a taxas acima da média registrada na última década, e a razão é que estava apenas se recuperando do golpe que foi a Covid-19”, destacou Salazar.

Por isso, espera-se uma moderação nas taxas de crescimento, o que não implica necessariamente que 2025 será pior que 2024. “Este ano, talvez o país cresça acima dos 3%, um crescimento que não foi visto em outras ocasiões, porque ainda há um efeito rebote devido à pandemia, mas que será moderado nos próximos anos”, acrescentou.

Até 2025, Salazar espera taxas de crescimento próximas de 2,0-2,2%, “mais próximas do nível com o qual estávamos habituados. É nesse sentido as moderações são esperadas, elas não têm, necessariamente, relação com um ano pior ou melhor”.

De acordo com os critérios gerais de política econômica publicados pela Secretaria da Fazenda no seu projeto orçamentário para 2024, o México prevê que o PIB volte a crescer entre 2,5-3,5% no ano que vem, para desacelerar em 2025 para 2-3,5%.

O FMI, por sua vez, voltou a revisar sua projeção de crescimento da economia mexicana para este ano para 3,2%, em comparação com os 2,6% estimados anteriormente. Esse número seria seguido por uma expansão de 2,1% em 2024, de acordo com um relatório publicado após a última visita de representantes da entidade ao país.

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