Argentina , Brasil e Bolívia
Análise

Como a Bolívia vai transportar gás argentino para o Brasil

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Como a Bolívia vai transportar gás argentino para o Brasil

A Bolívia está pronta para transportar gás argentino para o Brasil em seus gasodutos, afirmou uma autoridade do setor de hidrocarbonetos boliviano.

O país andino ajustou sua estrutura regulatória para permitir que a petrolífera nacional YPFB transporte – e até mesmo compre e venda – gás produzido além das fronteiras da Bolívia.

Inicialmente, a Bolívia oferecerá aos produtores argentinos 4 MMm³/d (milhões de metros cúbicos por dia) de capacidade ao longo de um trecho de 1.000 km de dutos interligados.

“O [sistema internacional de transporte] SIT está em condições operacionais e regulatórias para receber gás em trânsito”, disse em uma apresentação o diretor de contratos de exportação de gás natural da YPFB, Julio César Soliz.

“A Bolívia abre uma janela de oportunidades para o gás em trânsito para entrega ao Brasil, a partir deste mês e por tempo indeterminado.”

A princípio, a YPFB se dedicará ao trabalho de transporte, mas, em uma segunda fase, também poderá começar a comprar e vender gás produzido em outros lugares, informou Soliz em um webinar organizado pela plataforma argentina de negociação de gás Megsa.

Quatro produtores argentinos – Tecpetrol, Pluspetrol, Pan American Energy e Total Austral – solicitaram autorização de Buenos Aires para despachar a produção para o Brasil via Bolívia. As autorizações combinadas – em uma base interrompível – abrangem 6,3 MMm³/d.

Com 32 MMm³/d de capacidade de transporte, a infraestrutura inclui a ligação internacional GIJA, de 48 km, que conecta a província de Salta à região boliviana de Chaco, bem como os dutos Yacuiba Río Grande (GASYRG, de 432 km) e Gastransboliviano (GTB, de 557 km). O sistema termina na localidade boliviana de Mutún, do outro lado da fronteira com o estado brasileiro do Mato Grosso do Sul.

A capacidade dos gasodutos, disponível para produtores argentinos por prazos fixos, pode subir para 10 MMm³/d, possivelmente em 2025.

A capacidade poderia ser aumentada “sem maiores complicações” no ano que vem, segundo Soliz. “Essa nova capacidade estará disponível para todas as partes interessadas.”

O gás também poderia ser canalizado mais ao norte através do duto Gas Oriente Boliviano (GOB), de 362 km, que se ramifica do GTB.

A YPFB cobraria dos compradores ou vendedores uma taxa de cerca de US$ 2/MMBTU (milhões de unidades térmicas britânicas), compreendendo um componente para garantir a capacidade dos gasodutos e um componente estabelecido pelo regulador ANH pelo transporte do hidrocarboneto.

Na Argentina, o trabalho regulatório ainda está pendente, como o estabelecimento de tarifas de transporte sul-norte no duto Gasoducto Norte, segundo participantes do webinar. Também é preciso promover ações de coordenação alfandegária.

Além disso, a Argentina precisa concluir as obras de inversão de fluxo no Gasoduto Norte, que permitirá o despacho de gás ao norte da bacia de Neuquén.

As obras da primeira fase devem ser concluídas neste trimestre, permitindo um fluxo de até 5 MMm³/d. A capacidade sul-norte disponível deve aumentar para 19 MMm³/d até o final de março de 2025, após a conclusão da segunda fase.

O trabalho de inversão de fluxo permitirá que a Argentina substitua as importações firmes de gás da Bolívia, que cessaram em setembro, e aumente a capacidade de exportação para o Chile – atualmente o maior comprador de gás argentino – e para o Brasil.

Por enquanto, o gás argentino seria apenas transportado pela Bolívia, e não consumido no país, cuja produção nacional vem apresentando tendência de queda desde 2015.

As exportações de gás boliviano para a Argentina começaram a cair por volta de 2017, quando níveis de pouco menos de 18 MMm³/d foram registrados. Nas últimas duas décadas, as exportações ficaram em uma média de 10,9 MMm³/d.

A produção de gás da Argentina é de cerca de 153 MMm³/d. A produção de xisto na formação de Vaca Muerta, da bacia de Neuquén, subiu 23,1% no comparativo anual em agosto, para 83,5 MMm³/d, de acordo com dados da consultoria local Economía & Energía.

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