Como as inundações no Rio Grande do Sul podem impactar a economia e a política do Brasil

As condições climáticas extremas, que causam inundações sem precedentes e destruição no estado do Rio Grande do Sul, têm o potencial de alterar profundamente o cenário econômico e político do país.

A dimensão total da catástrofe ainda não é conhecida e a situação pode piorar à medida que mais chuvas são previstas e a água recuará lentamente devido à geografia da região.

Até o momento, 100 pessoas morreram, milhares perderam suas casas e a infraestrutura sofreu danos massivos.

Tanto o Governo Federal quanto o Congresso têm discutido a liberação de fundos adicionais, que não fazem parte do orçamento público, para auxiliar nos esforços de mitigação e reconstrução. 

Além disso, como o estado é um grande produtor de arroz e feijão, alimentos muito populares no país, a inflação poderá aumentar.

Os economistas têm manifestado preocupações com o aumento dos gastos e o consequente aumento da inflação, sem medidas compensatórias para controlar as despesas.

“Não há dúvida de que a situação do Rio Grande do Sul realmente exige apoio do governo federal, mas a forma como isso será feito exige cautela. Eventos climáticos extremos acontecem todos os anos e a solução seria o governo incluir projetos que mitiguem esses riscos no orçamento anual”, avaliou Luciano Rostagno, estrategista-chefe da EPS Investimentos, para a BNamericas.

“O que preocupa os investidores é que há tentativas de incluir agora gastos extraordinários em medidas reativas em vez de preventivas, abrindo espaço para o descontrole fiscal”, disse Rostagno.

O Ministério dos Transportes anunciou recentemente que aprovará pelo menos R$ 1 bilhão US$ 196 milhões), que não estavam previstos no orçamento deste ano, para reparar a infraestrutura rodoviária no estado. Mas como a escala dos danos ainda não é conhecida, o financiamento poderá aumentar.

Do ponto de vista político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja aprovação tem caído, está intensificando os esforços para atender as áreas afetadas e evitar críticas pela lentidão da resposta. Ele ordenou que todos os ministros se concentrassem em questões relacionadas ao Rio Grande do Sul.

“Lula pode usar seu engajamento com os acontecimentos no Rio Grande do Sul de forma favorável para seus índices de aprovação, mas também há riscos para ele, já que existe hoje uma forte rede de desinformação no Brasil, por meio das redes sociais, que atacam constantemente o governo federal. Esta é uma moeda de duas faces”, disse à BNamericas Mário Sérgio Lima, analista da Medley Global Advisors.

A pandemia da Covid-19 é amplamente considerada como um fator significativo que contribuiu para a derrota de Jair Bolsonaro por Lula nas eleições de 2022, já que a resposta de Bolsonaro foi percebida como inconsistente e inadequada.