Como e onde estão investindo as principais operadoras do Uruguai

O Uruguai tem uma das indústrias de telecomunicações mais avançadas da América Latina em termos de penetração de fibra, qualidade e velocidade de rede móvel e serviços digitais.

O ambiente de negócios favorável e a boa infraestrutura elétrica e de telecomunicações também ajudaram a estimular investimentos em datacenters e computação de borda, além do impulso dos cabos submarinos aterrissando na cidade de Maldonado.

Apesar de seu pequeno tamanho, o país também tem a reputação de exportar serviços e software para outros países.

Espera-se que o mercado de telecomunicações do Uruguai alcance receitas de US$ 2,46 bilhões em 2024, expandindo a uma taxa de crescimento anual composta (na sigla em inglês, CAGR) de 0,55% até 2029, quando esse valor deve atingir US$ 2,53 bilhões, de acordo com uma estimativa da Mordor Intelligence.

A BNamericas analisa os planos de investimento dos principais players do mercado local.

ANTEL

Do ponto de vista da infraestrutura, a estatal Antel – maior empresa de telecomunicações do mercado uruguaio – está basicamente focada na expansão de sua rede 5G, com planos de ter 500 sites 5G em funcionamento até o final do ano.

Seus principais fornecedores de infraestrutura e rede 5G incluem Nokia e VMware.

Até o final de maio, a empresa computou cerca de 300 antenas 5G instaladas, o que deixa outras 200 para serem instaladas até o final do ano.

No geral, o Uruguai tinha 6.586 estações-base móveis no final do ano passado, considerando todas as tecnologias, de acordo com estatísticas do regulador Ursec. A Antel possuía 46% do total, a Claro 30% e a Movistar 24%.

Embora a conectividade continue sendo a principal fonte de receita da empresa, a Antel aposta em oferecer serviços mais agregados, como tecnologia e conteúdo, em vez de apenas internet.

A IA generativa é uma das apostas da empresa para viabilizar serviços para demanda específica por meio da personalização de conteúdo, por exemplo. A empresa também considera usar a tecnologia para melhorar sua gestão de tráfego de dados.

O investimento de capital do grupo para 2020 a 2024 é de US$ 751 milhões, incluindo despesas relacionadas a datacenters e cabos submarinos.

A Antel investiu US$ 156 milhões no ano passado, principalmente em infraestrutura para redes 5G e implantações de fibra em Montevidéu e cidades provinciais. Esse valor foi praticamente o mesmo que o capex relatado em 2022, mas com um foco maior em 5G e fibra.

Em julho do ano passado, a Antel informou que planejava gastar US$ 43 milhões em 5G em 2023, visando conectar 200 locais.

MOVISTAR

O investimento planejado para este ano pela Movistar, empresa que faz parte do grupo Telefónica, é de US$ 48 milhões, principalmente para espectro e expansão e atualização de sua rede móvel, de acordo com uma apresentação de executivos locais nesta semana.

A implementação do 5G está avançando conforme o planejado, começando pelas áreas mais densamente povoadas e se espalhando para o resto do país. No entanto, a operadora não forneceu mais detalhes sobre esse trabalho.

A Movistar pagou US$ 28 milhões por blocos de espectro de 3,5 GHz no leilão 5G de 2023.

A empresa afirma ter investido mais de US$ 660 milhões no Uruguai desde o lançamento da telefonia móvel no país, há mais de 30 anos.

A Movistar também opera um Centro de Excelência Digital em Montevidéu, um polo com mais de 40 especialistas em diferentes disciplinas que trabalham nas iniciativas estratégicas da empresa e exportam serviços digitais para os oito países da região em que a Telefónica opera.

A Movistar era responsável por 23% das 6,7 milhões de linhas móveis do Uruguai no final de 2023. A Antel tinha 60% e a Claro 17%.

A Movistar tinha apenas 862 clientes em banda larga fixa, menos de 0,1% do mercado total. A0 Antel tem 1,08 milhão desses acessos, detendo virtualmente um monopólio.

No ano passado, a Telefónica investiu € 938 milhões (US$ 1 bi) em seu braço hispano-americano, que inclui o Uruguai. Contudo, a empresa não forneceu um detalhamento dos números para cada país.

Segundo a Telefónica HispAm, foi registrada uma redução de 17% no consumo de energia no Uruguai após o desligamento local das redes 2G.

CLARO

Assim como a Telefónica, a Claro – subsidiária local da América Móvil – normalmente não divide o capex por país. A empresa relata suas operações no Uruguai com Argentina e Paraguai, como parte de uma única unidade de negócios.

No leilão de espectro de 2023, a América Móvil ganhou um bloco de 100 MHz na banda de 3,5 GHz no Uruguai por uma taxa de US$ 28 milhões.

Os principais focos de investimento da empresa no país giram em torno de compromissos de cobertura 5G, além da possibilidade de utilizar a rede fixa da Antel no modelo de atacado para oferecer banda larga residencial.

A Ursec estabeleceu que as operadoras vencedoras do espectro terão que implantar 70 antenas 5G e pelo menos duas estações-base em pelo menos 10 departamentos, excluindo a capital Montevidéu, nos dois primeiros anos do contrato do 5G.

Nos 36 meses seguintes, tanto Claro quanto Movistar terão que implantar pelo menos duas estações-base em cada um dos 19 departamentos do país. A Claro não informa quantas implantou até o momento.

No geral, o grupo América Móvil planeja investir US$ 7 bilhões este ano globalmente, valor inferior aos US$ 8,5 bilhões de 2023, incluindo espectro.