Como MG está se transformando em um polo promissor de lítio

O estado brasileiro de Minas Gerais, conhecido mundialmente por suas grandes reservas de minério de ferro e instalações de produção, está se tornando um polo de lítio.

Com reservas importantes e um ambiente favorável aos negócios, o estado do sudeste está atraindo o interesse de várias empresas focadas no lítio.

“O projeto de maior destaque e mais avançado hoje no segmento de lítio no estado é o da Sigma, que já conta com as licenças e está pronto para produzir, mas, além da Sigma, temos pelo menos outras quatro empresas com projetos em andamento”, contou à BNamericas Fernando Passalio de Avelar, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.

“Também temos Atlas Lithium Corporation, Latin Resources, Deep Rock e Lithium Ionic investindo em projetos de lítio aqui no estado”, acrescentou Avelar, que voltou recentemente da Austrália, onde participou de uma série de reuniões com investidores para apresentar o potencial do lítio do estado.

“Austrália, Chile e Argentina têm hoje as maiores reservas de lítio do mundo, mas minha visita recente à Austrália foi para mostrar aos investidores internacionais que também temos um grande potencial no Brasil”, disse o secretário.

A canadense Sigma Lithium está investindo R$ 3 bilhões (US$ 594 milhões) em seu projeto Grota do Cirilo, que fica na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. O projeto deve ser desenvolvido em três fases, com a produção da primeira prevista para começar este mês.

Avelar também assinou, durante sua viagem à Austrália, um MoU com a Latin Resources para avançar no projeto de lítio Salinas. Segundo o acordo, o governo do estado facilitará o apoio de todos os órgãos governamentais para a aceleração de aprovações e licenças.

“A Latin Resources planeja realizar mais atividades de exploração e possivelmente desenvolver uma operação de mineração de lítio em Minas Gerais, trazendo empregos e investimentos para a região com seu investimento de capital e as fases operacionais”, disse a empresa em um comunicado na semana passada.

“O objetivo do MoU é oferecer apoio mútuo entre as partes para estimular o setor de materiais para baterias e o investimento na cadeia de suprimentos na região, incluindo introduções bidirecionais e parcerias de investimento na região.”

Avelar lembrou que, no ano passado, o governo de Minas Gerais vendeu sua participação de 33% na Companhia Brasileira de Lítio (CBL), produtora de concentrado e compostos de lítio, abrindo caminho para o aumento dos investimentos na empresa por parte dos demais acionistas.

No final de março, deputados estaduais aprovaram no primeiro turno o projeto de lei para a criação de um polo industrial e minerador de lítio nos vales do Jequitinhonha e do Mucuri. A aprovação final ainda está pendente, mas o objetivo do projeto é desburocratizar e oferecer benefícios fiscais.

“O Brasil ficou muito tempo adormecido, no que diz respeito ao seu potencial de lítio, com a legislação antiga, mas Minas Gerais conseguiu trilhar seu próprio caminho”, destacou Avelar.

No ano passado, o governo federal publicou um decreto suspendendo a obrigatoriedade de obtenção de autorização prévia para importação e exportação de lítio. Antes, essas operações exigiam o sinal verde de órgãos governamentais, como a comissão de energia nuclear, o que bloqueava o avanço do segmento.

Minas Gerais pretende diversificar a indústria de mineração para as energias renováveis.

“Nos últimos quatro anos, durante o primeiro mandato do governador Romeu Zema, o estado atraiu um total de R$ 280 bilhões em investimentos da iniciativa privada. Desse total, R$ 90 bilhões foram para projetos de mineração e R$ 60 bilhões para projetos de energia solar. O lítio aparece no meio do caminho entre a mineração e a transição energética, já que a alta demanda [de lítio] está relacionada à produção de baterias”, explicou Avelar.

Em 1942, a maior mineradora do Brasil e uma das maiores do mundo, a gigante do minério de ferro Vale, foi fundada no estado.