Consumo de energia deve crescer 22,5% no Brasil na próxima década

O consumo de energia do Brasil deverá crescer 22,5% na próxima década, saltando de 288 para 353 Mtoe (milhões de toneladas de óleo equivalente), de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034).

No entanto, a demanda estimada pode ser ainda maior devido à potencial instalação de novos datacenters e usinas de hidrogênio verde.

Autora do estudo, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) destaca que a taxa média de crescimento esperada para o consumo de energia per capita é de 1,6% ao ano. O nível projetado para ser alcançado em 2034 (1,54 toe/ano por habitante, contra 1,32 toe em 2024) está próximo dos níveis atuais em países como Uruguai e México, mas ainda muito abaixo dos níveis observados em países desenvolvidos.

No período de 10 anos, a tendência de crescimento da importância da eletricidade no país deve continuar, com um crescimento médio anual do consumo de 3,4%.

O consumo de gás natural também vem ganhando importância, aumentando 4,4% ao ano, com relevância crescente tanto no setor industrial quanto no de energia.

Os derivados de petróleo devem continuar representando a maior parcela do consumo final de energia, embora o aumento esperado seja de 1,5% ao ano, abaixo da média geral. Isto se deve, em grande parte, ao fato de parte de seu mercado potencial estar sendo ocupada pelo etanol hidratado e pelo biodiesel, especialmente no setor de transportes.

A lenha e o carvão vegetal também perderão importância ao longo da década, com maior uso de fontes de energia mais puras e com melhor rendimento.

Espera-se que todos os setores de consumo registrem aumento na demanda de energia entre 2025 e 2034, devido ao crescimento econômico. Contribuintes notáveis incluem comércio, produção de petróleo e gás natural e destilarias e usinas de etanol.

Prevê-se que o setor dos transportes aumente a sua quota do consumo final de energia entre 2024 e 2034, passando de 32% para 33%. Este setor destaca-se dos restantes, representando cerca de um terço do consumo total de energia final em 2034, sendo o transporte rodoviário o modo com maior consumo de energia.

O consumo industrial aumentará com o uso crescente de fontes de energia como gás natural e eletricidade. O valor agregado industrial, excluindo o setor de energia, deverá aumentar a uma taxa média anual de 2,7%, impulsionado pela melhora dos indicadores econômicos e pela redução da capacidade ociosa na utilização de plantas em certos segmentos, especialmente durante o segundo quinquênio.

A demanda por energia nos domicílios brasileiros deverá crescer 1,7% ao ano entre 2024 e 2034, impulsionada por fatores como o aumento da renda familiar, a expansão do crédito ao consumidor para a compra de eletrodomésticos, a queda do desemprego, a expansão da rede de distribuição de combustíveis que atende áreas residenciais e a crescente penetração da tecnologia nos lares.

CONSUMO FINAL DE ENERGIA POR MATRIZ

Fonte: EPE

DATACENTERS E HIDROGÊNIO VERDE

Segundo a EPE, a perspectiva de crescimento da carga no período pode ser impactada por incertezas como o aumento da demanda de energia elétrica para processamento e armazenamento de dados em datacenters, a implantação de usinas de produção de hidrogênio e a intensificação do uso de equipamentos de ar-condicionado diante do aumento das temperaturas devido às mudanças climáticas.

Informações sobre projetos que entraram com pedido de conexão à rede básica no Ministério de Minas e Energia (MME) mostram que a carga prevista para datacenters crescerá significativamente, chegando a 2,5 GW até 2037 – considerando apenas novos projetos nos estados de São Paulo (nove empreendimentos totalizando 1,6 GW), Rio Grande do Sul (um de 50 MW) e Ceará (dois de 876 MW).

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Em relação ao hidrogênio, nove projetos já entraram com pedido de acesso ao sistema elétrico nacional para plantas industriais, totalizando 35,9 GW de potência instalada até 2038. Dois empreendimentos estão localizados no Piauí (26,8 GW), seis no Ceará (8,5 GW) e um na Bahia (600 MW).

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No estudo, a EPE alerta que, apesar das melhorias no planejamento da transmissão nos últimos anos, ainda há risco de defasagem entre a implementação dos ativos de transmissão e as usinas de produção de hidrogênio.

“Essa questão é um fator que pode afetar fortemente a decisão de investimento, tanto por parte do Poder Concedente no que se refere aos novos ativos de transmissão a serem planejados, quanto dos agentes da indústria de hidrogênio em relação às suas plantas industriais”, concluiu a EPE.