México e Estados Unidos
Análise

Crescem atritos entre México e EUA sobre comércio de aço

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Crescem atritos entre México e EUA sobre comércio de aço

Sherrod Brown, senador democrata dos EUA, enviou na semana passada uma carta apelando à administração de Joe Biden para pressionar o México a parar o que chamou de “aumento insustentável nas importações de aço para o mercado dos EUA, em violação do Acordo Conjunto de 2019 sobre aço e alumínio”.

“Esta questão continua a ser um problema persistente que prejudica a indústria siderúrgica norte-americana e os trabalhadores siderúrgicos em todo o país. À luz da recente eleição presidencial no México, […] peço que aborde esta questão com os seus homólogos no gabinete da presidente eleita [Claudia] Sheinbaum”, afirma a carta.

Brown é um dos principais promotores de uma iniciativa legislativa que visa reimpor uma tarifa de 25% sobre o aço mexicano. As vendas crescentes para os EUA reavivaram suspeitas sobre uma alegada triangulação de produtos subsidiados da China através do México, bem como receios de uma possível guerra tarifária sobre o aço com o seu principal parceiro comercial.

A Câmara Nacional da Indústria do Ferro e do Aço do México (Canacero) respondeu rapidamente à carta numa declaração observando que “a realidade é que o boom do aço mexicano simplesmente não está acontecendo, e a indústria siderúrgica dos EUA tem mantido consistentemente um excedente comercial significativo em produtos acabados produtos com o México. Só em 2023, esse excedente ultrapassou os 3 bilhões de dólares.”

Contudo, Salvador Quesada, diretor-geral da Canacero, também alertou que a associação acredita firmemente que uma guerra comercial do aço entre o México e os EUA resultaria no fechamento mútuo dos mercados e diminuiria a competitividade da região no setor.

“O México está trabalhando com os EUA para tentar evitar que esta controvérsia saia de controle. “Não vejo uma guerra comercial iminente em relação ao aço”, declarou à BNamericas Kenneth Smith, ex-negociador do USMCA pelo lado mexicano. Ainda assim, em sua opinião, “a pressão vai continuar a aumentar”.

“É ano eleitoral nos EUA e, além da questão da triangulação siderúrgica, uma das principais preocupações dos Estados Unidos tem a ver com os investimentos chineses que estão chegando ao México, além dos anúncios de empresas chinesas no setor automotivo, as quais querem se estabelecer em nosso país e que, na opinião de muitos políticos, representa uma ameaça para os EUA”, explicou o sócio da consultoria Argon.

“Portanto, isto significa que a questão da China estará na vanguarda da próxima administração do México e também da próxima administração dos EUA”, sublinhou.

Smith destacou que tanto o governo mexicano como a indústria siderúrgica local têm contrariado, com base em números oficiais, a posição dos EUA de que há triangulação da China, e também já houve várias reuniões entre ambos os governos para abordar a questão.

“O México não só prometeu avançar com o reforço da monitorização das importações, mas em abril deste ano publicou um decreto no qual aumentou as tarifas das nações mais favorecidas sobre mais de 500 produtos, muitos deles provenientes da China”, acrescentou.

Segundo dados da Canacero, se excluirmos o aço semiacabado que as fábricas dos EUA estão comprando para laminação, as exportações do México tiveram uma tendência de queda significativa nos últimos 18 meses, enquanto as exportações dos EUA para o México cresceram enormemente.

“As importações [dos EUA] de produtos siderúrgicos acabados do México diminuíram 28% em 2023 em comparação com 2022. Durante os primeiros quatro meses de 2024, a tendência de queda continuou [redução de 12% em comparação com o mesmo período de 2023]”, concluiu a entidade.

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