Data Insight: projetos chilenos de armazenamento de energia em fase de revisão ambiental

De acordo com o banco de dados de projetos da BNamericas, há US$ 13,6 bilhões em projetos de armazenamento de energia no Chile que estão na fase de avaliação ambiental.

Esse valor – com base em uma pesquisa realizada em meados de outubro – abrange tanto sistemas independentes quanto projetos híbridos de renováveis com armazenamento, totalizando cerca de 60 iniciativas.

O aumento da participação de fontes renováveis e o curtailment (corte na geração), somados aos spreads favoráveis entre os preços de energia noturna e diurna, impulsionaram o interesse em aplicações de deslocamento de energia.

Há também um potencial para o uso de sistemas de armazenamento de energia no mercado de serviços auxiliares, a fim de ajudar a manter a estabilidade da rede à medida que o país gradualmente fecha ou converte usinas a carvão. Além disso, o uso no sistema de transmissão também é considerado um fator impulsionador da demanda.

O marco regulatório está se desenvolvendo, com regras de transferência de capacidade introduzidas este ano e regulamentações de coordenação e operação previstas para publicação neste trimestre. É necessária uma maior clareza nas regras sobre serviços auxiliares para estimular o interesse nessa aplicação.

Em relação aos regulamentos de coordenação e operação, a advogada de energia e projetos Teresita Vial, do escritório de advocacia chileno ACU Abogados, disse à BNamericas: “De acordo com o Ministério da Energia, o objetivo de modificar o regulamento relacionado ao armazenamento é simplificar e harmonizar o conjunto de regras associadas aos sistemas de armazenamento para fornecer proporcionar segurança aos agentes do sistema, garantir clareza na operação dos sistemas de armazenamento e modernizar a operação do sistema elétrico e do mercado.”

Atualmente, a tecnologia de íons de lítio é predominante, mas com o crescente foco da indústria em “descarbonizar a noite”, deve surgir espaço para outras tecnologias, especialmente aquelas adequadas para aplicações de longa duração, como soluções de  sal fundido, baterias de fluxo ou baterias de dióxido de carbono.

Em termos de descarbonização, até 2030, o investimento em armazenamento deve apoiar um aumento de, pelo menos, 14% nas injeções de energia renovável na rede e permitir uma redução na produção termelétrica. Isso também ajudaria a mitigar o curtailment, que atualmente representa cerca de 15% da produção de energia renovável.

A região central de Valparaíso – próxima aos centros de demanda – e a região norte de Atacama – mais próxima dos polos de produção – são as duas jurisdições com o maior número de sistemas planejados.

CRÉDITO: BNamericas

10 maiores desenvolvedores de projetos de armazenamento por capex, com base em projetos em fase de revisão ambiental. CRÉDITO: BNamericas

O Chile está a caminho de atingir a meta de ter 2 GW de armazenamento construído ou em fase de construção em 2026, com a próxima meta estabelecida em 6 GW até 2030.

Em termos de capacidade de armazenamento de energia independente, o Chile possui 54 MW em operação e 1 MW em fase de construção, de acordo associação local de renováveis e armazenamento, Acera. Quanto aos sistemas incorporados às usinas de energias renováveis, 417 MW estão em operação, 401 MW estão em fase de testes e 1,42 GW estão em construção.

10 maiores projetos híbridos de energia renovável e armazenamento em fase de revisão ambiental (CRÉDITO: BNamericas)

9 maiores projetos de armazenamento autônomo em fase de revisão ambiental (CRÉDITO: BNamericas)

Projetos envolvendo mais de 9,0 GW/32.000 MWh de capacidade obtiveram aprovação para conexão à rede enquanto cerca de 30 GW estavam sob revisão, conforme uma apresentação do coordenador da rede, CEN, realizada no início deste semestre.

Um risco identificado pela indústria é que o mercado se torne saturado, gerando distorções.

A obtenção de licenças, especialmente para projetos maiores, também representa um desafio.

Para facilitar o avanço de alguns projetos de baterias, o governo está preparando uma mudança nas regras que isentaria aqueles com linhas de transmissão associadas com menos de 2 km ou com capacidade inferior a 23 kV de entrar no sistema de revisão ambiental.

O conjunto completo de dados pode ser baixado da caixa no topo da página