De alvo a comprador: Millicom aposta em aquisições na Colômbia
Depois de rejeitar uma oferta de aquisição da Atlas, o grupo de telecomunicações Millicom agora aposta em aquisições, especificamente na Colômbia.
A empresa com sede em Luxemburgo e focada na América Latina assinou um acordo não vinculante com a Telefónica para a possível aquisição da Coltel, operadora do grupo espanhol na Colômbia, por US$ 400 milhões em dinheiro, segundo um comunicado da Millicom.
Com o acordo, a Millicom – que opera como Tigo – também pretende comprar a participação da La Nación e de outras acionistas minoritárias na Coltel, pelo mesmo preço de compra por ação oferecido à Telefónica, informou a companhia.
O plano é combinar a Coltel e a Tigo Une, joint venture entre a Millicom e a concessionária de serviços públicos EPM, sediada em Medellín. A Millicom detém 50% da TigoUne e a EPM controla os outros 50%.
A Millicom também pretende adquirir a participação da EPM na TigoUne “por dinheiro, com valuation por múltiplos comparável ao valor implícito da aquisição da Coltel”, explicou.
As operações devem somar cerca de US$ 1 bilhão em valor, segundo um comunicado da Millicom. A empresa pretende financiar esse montante com caixa e dívidas nos próximos 18 meses.
“A transação segue sujeita à negociação e à assinatura de acordos definitivos com todas as partes envolvidas, incluindo Telefónica, La Nación e EPM, bem como ao recebimento de aprovações regulatórias e antitruste e ao cumprimento de outras condições de fechamento”, completou a Millicom.
“Não há certeza de que a transação será consumada.”
MUDANÇAS NO MERCADO
Se o acordo for concretizado, o competitivo mercado colombiano será reduzido a três dos quatro principais players, possivelmente chegando a apenas dois: Millicom e América Móvil (Claro).
A WOM, o terceiro player do mercado local, está passando por um processo de recuperação judicial, assim como sua empresa irmã WOM Chile.
A empresa combinada proposta “rejuvenesceria o setor de telecomunicações da Colômbia, formando uma entidade de telecomunicações robusta com a escala e a capacidade financeira necessárias para apoiar os investimentos significativos em rede e espectro para alcançar os ambiciosos objetivos de inclusão digital da Colômbia”, destacou a Millicom.
HISTÓRICO
Em 2019, a Millicom comprou as subsidiárias da Telefónica no Panamá e na Nicarágua – e quase a da Costa Rica – como parte do esforço de desinvestimento da empresa de telecomunicações com sede em Madri na região da América Latina de língua espanhola.
Agora, a Telefónica tem todas as suas operações na América Central vendidas a vários compradores.
Para a Telefónica, o acordo com a Millicom na Colômbia representaria sua saída de um mercado móvel difícil, mas não necessariamente do país como um todo.
A empresa ainda tem uma operação de telefonia fixa importante no país, que não foi mencionada no comunicado, a rede neutra de fibra On Net Fibra.
Tudo o que a Millicom disse sobre o segmento fixo foi que a “operadora fortalecida reforçaria a digitalização da Colômbia, garantiria um acesso mais amplo a serviços digitais modernos em todo o país e avançaria na implantação de tecnologias de fibra e 5G em todo o país”.
Em 2021, a Telefónica vendeu parte de sua rede de fibra na Colômbia para o fundo de infraestrutura norte-americano KKR para criar a joint venture de rede neutra. O formato seguiu o modelo que as duas implementaram no Chile, onde KKR e Telefónica se uniram para criar a On Net Fibra Chile.
No ano passado, o modelo foi replicado novamente, desta vez no Peru, com a venda parcial do negócio de fibra da Telefónica à KKR para a criação da On Net Fibra Peru.
Não se sabe ao certo qual será a situação da On Net Fibra Colombia após a venda da Coltel, se a Millicom vai, por exemplo, substituir a Telefónica como a nova parceira da KKR na joint venture. A KKR não foi citada no comunicado.
Em janeiro deste ano, a KKR chegou a um acordo para adquirir 1.100 torres sem fio da Tigo Colombia, subsidiária da Millicom.
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