Desempenho financeiro da Petrobras deve melhorar nos próximos trimestres

A Petrobras reportou um lucro líquido de R$ 23,7 bilhões (US$ 4,6 bilhões) no primeiro trimestre de 2024, uma queda de 38% no comparativo anual.

Analistas locais não ficaram surpresos com o resultado e acreditam que a estatal terá números financeiros melhores nos próximos trimestres.

Segundo a Petrobras, a queda no lucro refletiu o impacto da desvalorização cambial no final do período e do menor volume de vendas de óleo e derivados, algo comum no primeiro trimestre do ano, quando há menor demanda por diesel, além da redução do preço do petróleo e da margem do diesel.

Para Mahatma dos Santos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a estatal mostrou resiliência operacional, com aumento nos níveis de produção de óleo e gás e de derivados.

“A Petrobras mais uma vez obteve um resultado positivo, que permitiu que a empresa distribuísse cerca de R$ 13,5 bilhões em dividendos, mantendo o crescimento no valor dos investimentos gerais da companhia no trimestre”, disse ele à BNamericas.

O capex no período foi de aproximadamente US$ 3 bilhões, dos quais US$ 2,5 bilhões foram para exploração e produção (E&P); US$ 360 milhões para refino, transporte e comercialização; e US$ 100 milhões para gás e energia.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, lembrou que era esperado que os resultados da Petrobras diminuíssem devido ao preço do petróleo e dos combustíveis, bem como ao aumento das despesas operacionais.

Quanto às perspectivas para os próximos trimestres, o analista considera crucial monitorar a forma como a empresa gerenciará seus custos e implementará esses investimentos estratégicos.

Ele acredita que, se a Petrobras conseguir aumentar a produção e diversificar suas operações com sucesso, poderá oferecer retornos atraentes a longo prazo.

“No entanto, os desafios econômicos globais e as flutuações nos preços do petróleo continuarão a ser fatores críticos a serem observados”, avaliou Lima à BNamericas.

João Abdouni, analista da Levante Inside Corp., prevê que a Petrobras apresentará números melhores a partir do próximo trimestre, após as paradas programadas para manutenção.

“De maneira geral, os números foram mistos, um pouco abaixo da demonstração do resultado do exercício, no entanto, os dados do fluxo de caixa vieram acima do esperado”, disse ele em um relatório.

No primeiro trimestre de 2024, a Petrobras registrou fluxo de caixa operacional de R$ 46,5 bilhões e Ebitda ajustado de R$ 60 bilhões.

A dívida financeira da empresa no trimestre caiu US$ 1,1 bilhão, para US$ 27,7 bilhões, o nível mais baixo desde 2010, enquanto a dívida bruta permaneceu sob controle, em US$ 61,8 bilhões, incluindo arrendamentos.

Na visão da BB Investimentos, mesmo tendo ficado abaixo do esperado, os itens que prejudicaram os resultados da Petrobras são pontuais e refletem as condições do mercado.

“Eles não sinalizam mudança de rumo; logo, não mudam nosso entendimento sobre a companhia, que segue robusta operacionalmente, com condições estruturais de baixo lifting cost (efeito diluição dos custos fixos no pré-sal) e com perspectivas de seguir entregando boa geração de caixa operacional e dividendos”, afirmou o banco em um relatório.

DIESEL RUSSO

O diretor executivo de logística, comercialização e mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, garantiu que a empresa não limitou os preços dos combustíveis no trimestre, seguindo rigorosamente sua estratégia comercial.

“Conseguimos lidar de maneira eficaz com as importações de produtos, incluindo os de origem russa, ao mesmo tempo em que nos mantivemos competitivos”, disse ele durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (14).

Schlosser destacou que, embora não haja impedimento legal, a Petrobras decidiu não importar diesel russo.

Na importação de diesel russo, “devem ser atendidos requisitos importantes, como não ter nenhum tipo de pessoa ou empresa sancionada durante o processo de aquisição. Então isso traz risco para a Petrobras”, explicou o executivo.