Destaque: as próximas licitações de transmissão de energia no Brasil

As licitações de transmissão de energia previstas para este ano podem atrair grandes players e gerar uma concorrência significativa, com descontos semelhantes aos de 2022, segundo especialistas locais.

Luan Alvez, analista da VG Research, acredita que empresas tradicionais de transmissão como ISA CTEEP, Taesa, Neoenergia, Equatorial, Alupar, EDP e CPFL vão competir.

“Não esperamos ver nenhum empreiteiro ou fundos de private equity neste momento. Espera-se que a indústria esteja um pouco mais preocupada com o retorno por causa do cenário de altos custos de capital”, disse ele à BNamericas.

Jovanio Silva, chefe de assuntos estratégicos da Thymos Energia, disse que Eletrobras, Energisa e State Grid, além de empreiteiras como Cymi, Cobra e Zopone, também poderiam participar.

Ele disse que o aumento global dos preços de commodities como aço e cobre, essenciais para projetos de transmissão, reduziram os descontos em comparação com os anos pré-pandêmicos e/ou pré-guerra da Ucrânia.

Além disso, as próximas licitações envolverão áreas remotas com desafios logísticos e ambientais, que estão embutidos nas propostas comerciais.

Segundo a Aneel, órgão regulador do setor elétrico, os descontos médios registrados nas duas licitações em 2022 foram de 46% e 38%, queda acentuada em relação a 2019 (60%) e 2020 (55%).

O governo está projetando investimentos totais de R$ 50 bilhões (US$ 9,5 bilhões) para as licitações de construção de linhas de transmissão deste ano.

Os leilões destinam-se principalmente a transportar a crescente capacidade de geração de energia renovável do nordeste para o sudeste, que é o principal polo de consumo.

O primeiro leilão está marcado para 30 de junho. Ele envolve investimentos de R$ 16 bilhões (US$ 3,16 bilhões), o maior valor já feito em uma licitação desse tipo.

Nove lotes compostos por 33 projetos estarão em disputa para a construção e manutenção de 6.120 km de linhas e 400 megavolt-ampere (MVA) de capacidade de transformação de subestações.

Os projetos têm prazo de execução de 36 a 66 meses e estarão localizados nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe.

Duas licitações adicionais, cujos detalhes ainda não foram divulgados pelo governo, estão previstas para serem realizadas no segundo semestre.

NEOENERGIA

A Neoenergia assinou na terça-feira (25) um acordo de R$ 1,2 bilhão com o GIC, investidor institucional global, para a venda de 50% de participação acionária em oito ativos de transmissão que estão em operação.

Os empreendimentos – Jalapão, Santa Luzia, Dourados, Atibaia, Biguaçu, Sobral, Narandiba e Rio Formoso – totalizam 1.865 km de linhas.

A GIC também terá direito de primeira oferta em relação à potencial venda futura de 50% dos ativos de transmissão em construção pela Neoenergia – Itabapoana, Guanabara, Vale do Itajaí, Lagoa dos Patos, Morro do Chapéu, Estreito, Alto do Parnaíba e Paraíso – que percorrem 6.090 km. O mesmo direito valerá para a Potiguar Sul, totalizando 6.280 km.

Além disso, a Neoenergia e a GIC assinaram um contrato de desenvolvimento para participação conjunta nos próximos leilões de transmissão no Brasil, incluindo o previsto para junho.

Alvez, da VG Research, disse que a venda foi positiva para a Neoenergia, uma vez que a transação ficou acima do valor patrimonial estimado da VG para os ativos e ajudará a reduzir a alavancagem da empresa.

“Com uma alavancagem menor, a Neoenergia recupera poder de fogo para os leilões que ocorrerão neste ano”, disse.

Silva destacou que a movimentação da Neoenergia também pode ter como objetivo captar mais recursos para investir em outros setores em que a empresa atua, como geração e comercialização.

“O GIC é um fundo muito importante de Cingapura, então essa é uma estratégia muito positiva”, disse ele.