Destaque: cenário peruano para as eleições de 2026

O Peru começa a vislumbrar um panorama eleitoral mais claro antes das eleições de abril de 2026, quando a população terá de escolher novamente entre Keiko Fujimori, filha do ex-presidente e ditador Alberto Fujimori (1990-2000), e um candidato que tenta unir as forças antifujimoristas.

De acordo com a pesquisa de julho da Ipsos, se as eleições fossem realizadas hoje, 10% dos entrevistados votariam em Fujimori, líder da Fuerza Popular, que ficou em segundo lugar em suas candidaturas presidenciais de 2011, 2016 e 2021. Em segundo lugar, com 6% de intenção de voto, está Antauro Humala, ex-militar libertado da prisão em 2022 e irmão do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016).

O levantamento aponta que 21% votariam em branco, enquanto 24% estão indecisos.

A lista de candidatos preferidos pelos cidadãos também inclui nomes como o ex-candidato Hernando de Soto (4%), o ex-presidente Francisco Sagasti (3%), o governador da região de La Libertad, César Acuña (2%), e o prefeito de Lima, Rafael López Aliaga (2%), embora nem todos tenham confirmado a intenção de participar da disputa.

Em relação à eleição dos 130 parlamentares, a situação é semelhante: o Fuerza Popular lidera a intenção de voto com 8%, seguido pelo partido humalista Aliança Nacional de Trabalhadores, Agricultores, Universitários, Reservistas e Operários (Antauro) com 6%.

FUJIMORI

Independentemente do que aconteça, as eleições serão mais uma vez marcadas pela presença do fujimorismo, uma vez que o Fuerza Popular permanece sendo o partido político com maior alcance nacional.

Keiko Fujimori anunciou que o candidato do Força Popular será seu pai Alberto, de 85 anos, e que foi libertado em dezembro de 2023 depois de cumprir 14 anos na prisão por abusos de direitos humanos e peculato. No entanto, especialistas políticos apontam que o anúncio é uma estratégia para que o partido comece a repercutir em nível nacional e, eventualmente, o ex-presidente entregará a candidatura à filha devido a complicações derivadas da sua idade.

ANTAURO

Antauro Humala é, por enquanto, o outsider político que começa a trabalhar na sua campanha eleitoral a partir das regiões, enquanto empresariado peruano o vê como uma ameaça muito maior do que Fujimori. O ex-militar segue a tendência política do etnocacerismo, uma ideologia que busca resgatar a era do império inca, das civilizações andinas e até dos tempos do nacionalismo militar.

Embora Humala não seja necessariamente visto como um líder de esquerda, a falta de clareza em relação a um plano de governo sustentável preocupa empresários e parte da população.

Humala é lembrado por sua atuação no levante militar de Andahuaylas, na região de Apurimac, em 2005. O confronto deixou quatro policiais mortos, pelos quais o ex-militar cumpriu pena entre janeiro de 2005 e agosto de 2022. Antes disso, ele e seu irmão lideraram o levante de Locumba contra o regime de Fujimori em 2000

Como muitos líderes de esquerda, Antauro tem se mostrado a favor de uma mudança na constituição imposta por Alberto Fujimori em 1993.