
Disputa tecnológica entre EUA e China impacta os projetos de infraestrutura de telecom da América Latina
O conflito geopolítico e tecnológico entre os Estados Unidos e a China se tornou um obstáculo para as multinacionais de redes de infraestrutura de telecomunicações que pretendem implementar projetos na América Latina.
As restrições dos Estados Unidos podem atrasar o licenciamento, encarecer os projetos ao vetar fornecedores chineses mais baratos e forçar diferentes rotas para os sistemas de conectividade.
É o caso dos cabos submarinos que aterram nos Estados Unidos e não podem ter qualquer componente ou tecnologia chinesa. O mesmo se aplica a fibras, repetidores óticos, divisores e software.
“Isso se aplica a todos os sistemas. Existem alguns cabos submarinos que estão sendo construídos e precisam lidar com isso para obterem permissões dos Estados Unidos e até mesmo de outros países”, disse Erick Contag, diretor de operações da Globenet e CEO da SubOptic Foundation, uma associação global sem fins lucrativos dedicada a promover globalmente o desenvolvimento e a sustentabilidade de cabos de fibra submarinos e infraestrutura de conectividade.
A maioria dos membros do conselho da SubOptic pertencem a empresas ocidentais como ASN, Ciena, Meta e Google. O comitê executivo inclui Ma Yanfeng, vice-presidente executivo da HMN Technologies (anteriormente Huawei Marine Networks) e Magda Abdelkader da Telecom Egypt.
Para que os Estados Unidos autorizassem a venda da Globenet para o BTG Pactual em 2014, a empresa precisou remover os sistemas chineses dos cabos submarinos, afirmou Contag à BNamericas, incluindo uma capa de software usada sobre a infraestrutura física. A Globenet opera um sistema submarino de 26 mil km através de diferentes rotas na região.
Os Estados Unidos promovem, por meio de um programa do Departamento de Estado chamado “Rip-and-Replace”, financiamento aos fornecedores de comunicações do país para que removam equipamentos chineses de suas infraestruturas.
“A rivalidade Estados Unidos e China influenciará cada vez mais o panorama da infraestrutura digital. As empresas chinesas estão aumentando os seus investimentos na região, enquanto os Estados Unidos procuram fornecedores amigáveis”, acrescentou Contag.
NOVOS SISTEMAS
Diversos novos cabos submarinos estão previstos para a América Latina nos próximos meses e anos. Gold Data-Liberty Latin America (cabo GD-1/LD-1), Trans Americas Fiber System (TAM-1), Telconet Carnaval Submarine Network), Google (Firmina), Telxius e América Móvil (Tikal/AMX-3) da Telefónica e a Ocean Networks (Caribbean Express) estão em diferentes estágios de construção de sistemas que conectarão a América Latina aos Estados Unidos. Na maior parte dos casos, o ponto de aterragem é na Flórida.
Nenhum fornecedor chinês consta entre os provedores de projetos mais recentes, estejam eles em operação ou programados.
Em vez disso, duas empresas dominam a lista de fabricantes de cabos que conectam a América Latina e os Estados Unidos: a Alcatel Submarine Networks (ASN), pertencente à finlandesa Nokia e a norte-americana SubCom. Elas são seguidas pela Xtera, também dos EUA.
Os fornecedores vetados pelos Estados Unidos ainda podem ser provedores de projetos de cabos latino-americanos que não passem pelos Estados Unidos.
Um exemplo é o programa de redes subaquáticas de fibra na Amazônia liderado pelo governo brasileiro, que tem a ZTT e a HMN entre suas fornecedoras.
“Acreditamos que nossos projetos, incluindo projetos de cabos submarinos, deveriam ser abertos. O mercado deveria estar aberto. Há ganhos em economias de escala, ganhos para as empresas. A globalização existe e deve continuar. É isso que pensamos, e não apenas para a HMN Tech, mas para quaisquer outros fornecedores originários da China”, disse à BNmericas Leslie Cao, gerente-geral do Departamento de Soluções de Sistemas da HMN Technologies.
A HMN foi a provedora do Infovia 01, um dos trechos do projeto de fibra Norte Conectado do Brasil. O executivo sinalizou que a empresa pretende licitar os demais trechos do programa que ainda serão anunciados.
A HMN também forneceu a parte submarina do projeto de backbone de fibra FOA do Chile e está produzindo fibra para o programa de malha ótica da Petrobras.
“As empresas de energia precisam de transformação digital e automação para seus controles remotos e plataformas, por isso a conectividade é muito importante. E se você transmitir seus sinais para o satélite, a largura de banda será muito limitada”, explicou Cao.
“Trata-se de um mercado muito importante para nós. Iniciamos nossos negócios na América Latina, entregando nosso primeiro repetidor na região. Mantemos localmente uma equipe robusta para encontrar quaisquer oportunidades potenciais para desenvolver nosso negócio”, acrescentou.
CUSTO TOTAL DE PROPRIEDADE
A Contag, da SubOptic, elogia a qualidade das tecnologias de players como a ZTT e admite que o custo é fundamental na América Latina, sensível a preços.
Em sua opinião, porém, algumas tecnologias chinesas muitas vezes vistas como mais baratas gerar despesas imprevistas em longo prazo.
“É preciso analisar o custo total de propriedade. Existem dois fatores. De um lado, temos o banco de desenvolvimento chinês que ajuda a subsidiar empresas e oferece preços muito bons. Os preços de entrada são muito baixos, por outro lado, o suporte contínuo de manutenção, tudo o mais, pode encarecer”, avaliou Contag.
As questões tecnológicas e geopolíticas não se limitam aos cabos submarinos. Na semana passada, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA impôs sanções à Telefónica pelas relações comerciais com fornecedores chineses na Venezuela.
A multinacional espanhola, que tem colaborado com as autoridades norte-americanas, concordou em negociar uma multa para encerrar o caso devido às implicações geopolíticas envolvidas e ao potencial impacto nos seus acionistas norte-americanos, como a BlackRock.
Em relação à disputa dos chipsets, o governo dos EUA está aumentando a pressão sobre governos amigos e aliados para impedir que as empresas forneçam ferramentas de fabricação de chips para clientes chineses.
O pedido ocorre em meio a uma investigação em andamento sobre uma suposta violação de sanções a chips pela Semiconductor Manufacturing International Corp (SMIC), a maior empresa de semicondutores da China, que teria usado componentes de uma empresa holandesa.
“É uma guerra, uma verdadeira guerra”, afirmou Contag.
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