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Fornecedores privados de gás do Brasil enfrentam obstáculos para ampliar participação de mercado

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Fornecedores privados de gás do Brasil enfrentam obstáculos para ampliar participação de mercado

A participação dos fornecedores privados de gás no mercado não termelétrico do Brasil provavelmente não crescerá além dos atuais 10% se as condições do mercado não mudarem, disse Marcelo Mendonça, diretor de estratégia e mercado da associação de distribuidoras de gás Abegás, à BNamericas.

“O Brasil precisa aumentar a oferta para diversificar os fornecedores. E isso depende da viabilização de novas rotas para o fluxo de gás natural, unidades de processamento e novos dutos de transporte e distribuição”, afirmou.

Na opinião de Mendonça, o debate nem é uma questão política.

“Na verdade, o mercado não estava bem antes, nem no governo anterior do PT, nem no de Bolsonaro. O que precisamos é corrigir o curso de ação”, afirmou.

Em 2019, a estatal Petrobras assinou um acordo com o Cade para a venda de ativos de gás de midstream e downstream para permitir a concorrência com players privados.

E, em abril de 2021, o Brasil aprovou um novo ambiente regulatório destinado a liberalizar o setor, atraindo investimentos privados e reduzindo preços.

Apesar das iniciativas, a Petrobras ainda detém uma posição dominante no fornecimento de gás natural e gás natural liquefeito (GNL) e é proprietária da maior parte da infraestrutura necessária para disponibilizar o combustível às concessionárias de distribuição.

Enquanto isso, o rápido crescimento vertical da Cosan, produtora de etanol e açúcar, preocupa o mercado. O grupo brasileiro já controla a maior concessionária de distribuição de gás do país, a Comgás, e também comprou a Gaspetro, que detém participações em diversas concessionárias de distribuição de gás, além da Sulgás, no Rio Grande do Sul.

Segundo Mendonça, o GNL é basicamente a única nova fonte de abastecimento de gás no Brasil, o que deixa o país em uma posição vulnerável, em especial em momentos de turbulência geopolítica.

“São contratos spot que atendem termelétricas flexíveis. Não podemos esperar pela próxima crise hídrica para tentar resolver o problema”, destacou Mendonça.

O Brasil produz aproximadamente 130 MMm³/d de gás, mas mais da metade da produção doméstica é reinjetada para recuperar mais óleo, principalmente por causa da falta de gasodutos offshore para levar a produção até a costa.

Uma nova rota offshore, a Rota 3, está planejada para entrar em operação em 2024, adicionando 21 MMm³/d de capacidade de transporte de gás.

O mercado interno também é parcialmente abastecido pelo gás boliviano, mas, devido às perspectivas de queda na produção do país andino, o Brasil busca alternativas, como trazer mais da Argentina.

STATUS DOS CONTRATOS

Na última sexta-feira (27), a empresa brasileira independente PetroRecôncavo assinou um contrato para a venda de gás natural com a distribuidora sergipana Sergas (Sergipe Gás).

O contrato de 10 anos tem modalidade firme, flexível e interrompível, com volumes esperados de 50.000 m³/d de gás natural no segundo semestre de 2023 e 100.000 m³/d de 2024 a 2032.

Na modalidade de contrato interrompível e flexível, os compromissos de fornecimento e retirada só são estabelecidos mediante acordo prévio entre as partes, havendo demanda do distribuidor e disponibilidade do fornecedor.

O início do fornecimento está condicionado à assinatura de um contrato entre a Sergas e a Transportadora Associada de Gás (TAG) para o transporte do gás natural, correspondente à produção dos pontos de entrega determinados pelo comprador, ponto ainda em negociação.

A PetroRecôncavo também possui contratos de fornecimento de gás com a Bahiagás, na Bahia; Cegás, no Ceará; PBGás, na Paraíba; e Potigás, no Rio Grande do Norte.

Outros players privados que assinaram contratos com distribuidores brasileiros incluem 3R Petroleum (Bahiagás), Alvopetro (Bahiagás), Compass Gás e Energia, que faz parte do grupo Cosan (Comgás), Eagle E&P (Bahiagás), Equinor (Bahiagás e Cegás), Galp (Bahiagás, Cegás, ESGás, Gasmig, Potigás, SCGás e Sergás), New Fortress Energy (SCGás e Copergás), Origem Energia (Algás e Bahiagás), Shell (Bahiagás, Cegás e Copergás) e Tradener (Compagás e SCGás).  

CONTRATOS DA TAG

A TAG assinou 35 novos contratos com 15 carregadores em todo o Brasil, com vigência a partir de 1º de janeiro.

Somados aos contratos anuais e de curto prazo, cerca de 6,6 MMm³/d de capacidade de entrada e 7,1 MMm³/d de capacidade de saída foram alocados nas rodadas de licitações de dezembro de 2022.

Segundo a transportadora de gás, este ano trouxe ainda mais diversificação ao seu portfólio por meio de contratos com grupos econômicos de diversos setores, como 3R Petroleum, PetroRecôncavo, Origem Energia, Galp, Shell, Equinor, Cegás, Bahiagás, Refinaria de Mataripe (Acelen), Proquigel (Unigel) e Petrobras.

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