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Fusão entre Vero e Americanet abre novo capítulo na consolidação do mercado

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Fusão entre Vero e Americanet abre novo capítulo na consolidação do mercado

A fusão anunciada entre a Vero Internet e a Americanet, duas das maiores provedoras de serviços de internet do Brasil, inicia uma nova etapa na consolidação de ISPs: a união de empresas do primeiro escalão.

Essa etapa já era prevista pelo mercado e agora se concretiza com o surgimento do que talvez seja o maior provedor de fibra do Brasil.

A Vero, controlada pelo fundo Vinci Partners, terá 56% do capital da nova empresa, enquanto a Americanet ficará com 44%. A nova empresa terá 3.500 funcionários e presença em 450 localidades.

Considerando as bases das empresas incorporadas, a nova companhia terá 1,4 milhão de assinantes e 1,9 milhão de unidades geradoras de receita, ou RGUs (incluindo assinaturas de serviços fixos, móveis e de TV por assinatura).

Com base nesses números, a empresa seria a maior provedora de internet do Brasil em termos de RGUs e o quarto maior player de banda larga de fibra, atrás da Telefônica e da Oi e ao lado da Alloha, que operava 1,47 milhão de acessos de fibra em maio.

“Estimamos R$ 150-200 milhões (US$ 31-41 milhões) de fluxo de caixa anual como sinergia [da fusão]. O valor começaria a ser obtido em 2025, basicamente, um pouco em 2024, e vai acelerando ao longo do tempo até chegarmos a um número muito próximo de R$ 250 milhões em sinergias anuais”, disse o CEO da Vero, Fabiano Ferreira, em uma coletiva de imprensa em resposta a uma pergunta da BNamericas.

Segundo Ferreira, as empresas mapearam “excelentes” oportunidades de sinergia em termos de receita, cross-selling, receitas complementares, custo das receitas, opex e até capex, por meio de economias de escala.

Ferreira será o CEO da nova empresa e Lincoln Oliveira, presidente da Americanet, o presidente do conselho. Os planos de fusão começaram a tomar forma no ano passado, em uma conversa entre os dois executivos em um evento promovido pela fabricante Intelbras.

Pouca sobreposição de rede e presença geográfica, portfólios complementares (a Americanet é forte em B2B), além das características de crescimento inorgânico (M&A) das duas empresas foram os principais pontos a favor da combinação, segundo Oliveira.

Juntas, a Vero e a Americanet concluíram até o momento 48 operações de fusão e aquisição.

O grupo combinado será particularmente forte nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas os executivos têm ambições nacionais. Eles querem entrar em outras regiões, seja organicamente, por M&As ou usando uma rede de fibra neutra. A Vero já é cliente da FiBrasil.

Segundo os executivos, a nova empresa tem as melhores métricas de Ebitda e rentabilidade do setor. “Estamos criando aqui o maior ISP em termos de receita”, comentou Oliveira, citando receitas de R$ 1,3 bilhão em 2022 e Ebitda de R$ 700 milhões.

CONSOLIDAÇÃO ENTRE GRANDES PLAYERS

A fusão é impulsionada por fatores como uma concorrência cada vez mais acirrada, necessidade intensa de capex e desaceleração na aquisição de novos clientes de fibra.

Mais de 15.000 ISPs estão registrados na Anatel e, em alguns casos, 17 ISPs oferecem serviços e competem em uma cidade.

Sob muitas perspectivas, a fusão de grandes ISPs é, portanto, um movimento defensivo.

Sendo assim, a Americanet-Vero não está aberta apenas para adquirir provedores menores, mas também considera oportunidades de fusão com ISPs maiores, comentou Ferreira.

Entre eles estariam Alloha, Brisanet ou até mesmo Desktop.

“Neste mercado, somos compradores, não vendedores”, disse à BNamericas no mês passado o CFO da Alloha, Felipe Matsunaga, quando questionado sobre fusões e aquisições.

Na Desktop, as aquisições continuam no radar, mas a empresa tem sido mais cuidadosa na avaliação dessas medidas ultimamente.

No primeiro trimestre, a Desktop concluiu a aquisição de 70% da Fasternet, sua décima aquisição e a segunda maior em número de assinantes. Em dezembro, a empresa concluiu a compra do ISP IDC Telecom por R$ 90 milhões.

Enquanto isso, a aquisição de ISPs menores continua em um ritmo acelerado.

Nesta semana, a Unifique concluiu a aquisição da catarinense Naxi por R$ 35 milhões. A aquisição foi a quarta da Unifique em 2023.

“O negócio de telecomunicações é muito intensivo em capital. Tentamos uma janela de IPO em 2021, não conseguimos e desistimos. Entendemos que agora está esquentando de novo, follow-ons já estão acontecendo. O IPO é uma opção, mas não conte como um plano A”, destacou Ferreira.

Entre outras opções para financiar as operações estão, além das sinergias de fluxo de caixa, uma nova emissão de debêntures, embora custos e juros sejam obstáculos. A Vero tem R$ 1,1 bilhão em debêntures aprovadas, dos quais utilizou cerca de R$ 375 milhões.

As empresas também não descartam a entrada de um novo sócio, além dos investidores já existentes. “Um novo parceiro de investimento pode contribuir com capital e expandir nossos negócios. Nossos acionistas atuais têm oportunidades e recursos, mas estamos de olho nisso”, disse Ferreira.

PRÓXIMOS PASSOS

Ferreira e Oliveira esperam que a análise da fusão no Cade e na Anatel leve de três a seis meses. Devido à baixa sobreposição de ativos, eles não esperam grandes obstáculos para a aprovação do negócio.

A Vero está sendo assessorada na transação pelo Banco Itaú BBA (assessor financeiro exclusivo) e pelo Lefosse Advogados. A Americanet está sendo assessorada pelo UBS BB e Machado Meyer Advogados.

As empresas pretendem anunciar em breve a contratação de uma consultoria especializada para auxiliar na integração. Essa mesma consultoria ajudará a definir se uma nova marca será criada ou se a empresa combinada manterá uma das marcas existentes, contou Oliveira.

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