Fusões e aquisições de ativos de petróleo e gás estão em alta no Brasil

As fusões e aquisições de ativos no setor de petróleo e gás do Brasil aumentaram este ano e devem continuar em alta até o final de 2024, segundo o sócio da KPMG Paulo Guilherme Coimbra. 

No primeiro semestre do ano, o setor registrou 14 transações, em comparação com 16 em todo o ano de 2023. 

Entre os exemplos estão a combinação da 3R Petroleum com a Enauta, a aquisição pela Petrobras da participação da Enauta nos blocos ES-M-598 e ES-M-673, e a venda de 50% da participação da Petrorecôncavo em sete concessões da Bacia Potiguar para a Mandacaru Energia.

 No mesmo período, a Ultrapar adquiriu 71 postos de serviços do grupo Pão de Açúcar. 

“O Brasil é um mercado muito estável para fazer investimentos. Além do upstream, temos visto operações acontecendo no segmento downstream”, disse Coimbra à BNamericas. 

Se a previsão do consultor se confirmar, 2024 será o primeiro ano de crescimento nas atividades de fusões e aquisições de ativos de petróleo e gás desde 2021 – quando ocorreram 31 operações, ante 11 em 2020. Em 2022, foram 28 transações. 

“Os últimos anos têm sido bem difíceis no pós-pandemia, época de juros baixos e muita liquidez, com um grande fluxo de IPOs, melhorando a questão do acesso ao financiamento”, apontou Coimbra. 

Em meio à pandemia de Covid-19, a taxa básica de juros Selic atingiu a mínima de 2,0% entre agosto de 2020 e março de 2021 e permaneceu abaixo de 10% até fevereiro de 2022. Desde então, chegou ao pico de 13,75% antes de cair para os atuais 10,5%. 

A queda também coincide com a desaceleração do programa de desinvestimentos da Petrobras, principalmente após o início do atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2023, quando foi tracticamente encerrado. 

Apesar do ambiente de transição energética, Coimbra acredita que o petróleo e o gás continuarão desempenhando um papel importante. 

“Fala-se muito na redução da pegada de carbono, mas o que aconteceu foi um aumento da participação do carvão, do petróleo e do gás no setor de energia”, avaliou.