Industriais de Michoacán temem ‘repercussões econômicas’ da greve na fábrica da ArcelorMittal

Industriais do estado mexicano de Michoacán, onde as operações da siderúrgica ArcelorMittal seguem paralisadas devido a uma greve ilegal, estão preocupadas com as consequências econômicas e com o investimento privado caso os conflitos continuem. Por isso, pediram que o sindicato encerrasse as manifestações.

“Como associação de industriais do estado, estamos preocupados, acima de tudo, com a perda de 8.000 empregos diretos e 50.000 empregos indiretos. Isso pode gerar instabilidade no estado, já que mais de 58.000 famílias serão afetadas”, disse à BNamericas o presidente da associação de industriais do estado de Michoacán (Aiemac), David Martínez.

“Estamos falando de famílias, não de empregos. Isso pode ter grandes repercussões econômicas para o estado, além do risco de que investidores internacionais e nacionais que estão passando a ver Michoacán como uma boa opção para investir não tenham mais confiança para isso”, acrescentou o engenheiro.

A ArcelorMittal deixou de produzir pelo menos 500.000 toneladas de aço no sudoeste do México devido à paralisação ilegal mantida por trabalhadores da seção 271 do sindicato SNTMSRM há 34 dias, de acordo com dados da empresa compartilhados com a BNamericas.

“O impacto que a Arcelor registra, de 500.000 toneladas, está afetando principalmente os setores e clientes que ela já atende, que são automotivo, de eletrodomésticos e de construção, já que a Arcelor é distribuidora de 30% do aço no México”, explicou Martínez.

Embora não tenha informações sobre paradas nas linhas de produção pela falta de fornecimento da ArcelorMittal, ele destacou que isso também é uma preocupação.

Segundo Martínez, o interesse gerado pelo Estado como parte do fenômeno do nearshoring pode ser “diretamente afetado” por essa perda de confiança e pela falta de segurança e Estado de direito, alertou.

O presidente da Aiemac pediu que os sindicalistas envolvidos no conflito encerrem a greve iniciada em 24 de maio devido a um desentendimento a respeito da distribuição de lucros envolvendo cerca de 3.000 sindicalistas, dos 8.000 que fazem parte da empresa no país.

Em 8 de junho, um juiz distrital especializado na área trabalhista ordenou o arquivamento de dois processos movidos pelo SNTMSRM contra a ArcelorMittal Las Truchas e a ArcelorMittal México, após constatar que os trabalhadores não haviam cumprido os requisitos legais para a convocação da greve.