Leilão do 5G planejado no Uruguai gera polêmica
O leilão do 5G no Uruguai, marcado para março, gerou opiniões conflitantes no mercado.
O dia 13 de fevereiro é o prazo para as operadoras apresentarem seus comentários sobre a minuta das especificações divulgada pelo regulador Ursec.
O leilão traz uma novidade, pois possibilita a participação de empresas internacionais que não estão presentes no Uruguai. Os últimos leilões de espectro foram abertos apenas para as empresas que já atuam no mercado: Antel, Claro e Movistar.
O processo coloca à disposição do mercado três blocos na faixa de 3,5 GHz, um deles reservado para a estatal Antel e dois que devem ir para a concorrência privada.
Mas, para participar, as empresas precisam ter licença de telefonia móvel ou comprovar experiência em outros dois países da América Latina. Isso fechou as portas para a Dedicado, operadora do segmento fixo uruguaia que queria entrar no mercado móvel.
A Dedicado também esperava poder adquirir espectro em outras faixas, que o governo acabará não colocando em leilão.
A empresa afirmou que vai contestar o decreto que deu origem ao leilão. A ação, porém, não deve afetar o processo competitivo, disse à BNamericas uma fonte com conhecimento do setor, pedindo anonimato.
A Dedicado queria se tornar a quarta operadora móvel do Uruguai e, para isso, já havia feito investimentos no 5G core.
Por se tratar de um leilão aberto, existe a possibilidade da entrada de operadoras como a Telecom Argentina, que já havia demonstrado interesse em melhorar sua posição no Uruguai. Outros nomes levantados pela imprensa local são WOM e Millicom.
No entanto, outra fonte, que pediu para permanecer anônima, destacou que “a concorrência no Uruguai com as três operadoras existentes já é suficiente”.
A entrada de novos competidores também exigirá outras faixas para que haja concorrência, além de infraestrutura. “Não há compartilhamento de infraestrutura, por isso é difícil que outra operadora venha”, disse a fonte.
O CEO da Dedicado, Arturo Vargas, disse recentemente à BNamericas que o caminho para promover a concorrência no Uruguai é a Antel ter “preços alinhados com os do mercado regional”.
“Hoje a Antel tem o mega em torno de US$ 8-10, quando na Argentina é cerca de US$ 0,35 e entre US$ 0,15 e US$ 0,20 no Brasil”, apontou.
A aquisição de operadoras existentes no mercado é uma opção para a entrada de uma empresa internacional, mas a Claro e a Movistar são as únicas empresas privadas e já fazem parte de grandes grupos internacionais.
O preço do espectro também é um assunto que tem sido discutido para esse leilão, em especial após as renovações do espectro, questionadas principalmente pela Claro.
O edital de leilão do 5G previa um valor de US$ 28 milhões para cada lote, quando o decreto previa US$ 22 milhões. “Os fundamentos [técnicos] desse preço não são conhecidos”, explicou uma das fontes consultadas.
As duas fontes também criticaram as obrigações de cobertura deste processo. “Elas são muito leves”, comentou uma fonte. A outra criticou o fato de não ser especificado se a cobertura deve ser feita com 5G ou 4G.
Para uma delas, o edital carece de grandes obrigações de implantação de infraestrutura. “Assim o investimento vai se concentrar em Montevidéu, Maldonado, Canelones”, alertou.
Nos primeiros 24 meses do contrato, a Ursec estabelece como obrigação a implantação de 70 estações rádio-base no território nacional, e “pelo menos 2 estações em no mínimo 10 departamentos do país, exceto Montevidéu”. Para os 36 meses seguintes, solicita a instalação de pelo menos 2 estações rádio-base em cada departamento.
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