Lenta recuperação chinesa atinge mercado global de cobre

A lenta recuperação econômica da China apresenta problemas para a indústria global de cobre e para os produtores latino-americanos.

Em condições normais, a China é o maior consumidor mundial do metal e importa 54% do cobre refinado mundial, principalmente de Chile, Peru e México. Entre outubro de 2021 e fevereiro de 2023, as importações de cobre caíram 4,27%, segundo o Observatório da Complexidade Econômica.

A demanda continuou caindo em março, informou a Comissão Chilena do Cobre (Cochilco).

O governo chinês prevê um crescimento do PIB de 5% este ano, após 3% em 2022, o menor valor desde a década de 1970.

“Os analistas anteciparam uma recuperação rápida. É muito cedo para supor que a China está se recuperando. Estamos apenas começando a recuperação”, disse Jinny Yan, economista-chefe do ICBC Standard Bank, no marco do Congresso Mundial do Cobre que a CRU organizou em Santiago, de 17 a 19 de abril.

A China usa grande parte de seu cobre para construção, mas o setor foi atingido por políticas rígidas de pandemia. O consumo do metal pode aumentar com o avanço da descarbonização do país, que exige mudanças nos sistemas de transporte, energia, indústria, urbanização e água.

A diversificação da cadeia de suprimentos é outro problema, de acordo com Yan. Os EUA, a Coreia do Sul e o México são alguns dos países que planeiam reduzir a sua dependência da China, razão pela qual o governo considera fundamental reativar o consumo e o comércio interno.

No entanto, as exportações caíram 10,2% em relação ao ano anterior e as importações 6,5% entre janeiro e fevereiro, já que a economia continua sofrendo com as políticas “COVID zero”. Apenas as grandes empresas dão sinais de recuperação.

A oferta de cobre pode aumentar em 2023 devido ao início de projetos brownfield na América Latina, mas os riscos regulatórios e sociais em países como Chile e Peru – que fornecem quase 40% da oferta mundial de cobre – são fatores a serem considerados nas perspectivas do mercado.

Foto: à esquerda, Jinny Yan durante o Congresso Mundial do Cobre, organizado pela CRU