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Análise

Lula é eleito presidente do Brasil assumindo uma nação dividida

Bnamericas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltará a liderar a maior economia da América Latina a partir de 2023, com o desafio de governar um país politicamente dividido e alcançar o equilíbrio entre responsabilidade fiscal e a promoção do investimento público.

Com um total de 99.7% de votos apurados, Lula aparece com 50.88% de votos enquanto o candidato em exercício, Jair Bolsonao contava com 49.12%. A diferença entre ambos é de apenas 2.09mn de votos em um país de 215mn de pessoas.

"Meus amigos e minhas amigas. A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis, somos um único país, um único povo, uma grande nação", afirmou Lula.

No entanto, Lula pode ter dificuldade em implementar uma forte mudança para a esquerda após quatro anos da agressiva agenda pró-negócios e anti-regulamentação de Bolsonaro.

"Teremos um presidente a partir de Janeiro com muito menos apoio do que se tivesse vencido no primeiro turno. Isso reforça que Lula enfrentará um cenário mais dividido em seu governo", disse Lucas Fernandes, analista político da consultoria BMJ Consultores Associados, à BNamericas.

Segundo Fernandes, esse cenário dividido entre eleitores e a formação de um congresso para o próximo ano dominado por partidos de direita e de centro-direita limitará as ações de Lula e também impedirá que medidas de esquerda mais radicais sejam tomadas.

"Se olharmos para o lado fiscal, vemos que há pouca margem de manobra para ele tentar ampliar muito os programas sociais. Veremos em 2023 um cenário incomum para um novo governo, que será um Congresso desde o início com um perfil mais antagônico, pois os partidos de centro-direita e conservadores serão os dominantes no congresso", acrescentou.

Com a eleição de Lula, novembro e dezembro serão marcados por um governo transitório, onde membros do partido de Lula, o PT, terão acesso a informações do atual governo. Historicamente, tal período de transição é marcado pela tranquilidade, mas especialistas esperam tensões.

"A margem de vantagem relativamente pequena de Lula fará com que Bolsonaro tente contestar os resultados eleitorais. Devemos ter momentos muito conturbados nas próximas semanas, com o surgimento de contextos e discursos inflamados, até com reflexos negativos sobre o preço dos ativos brasileiros, mas pouco aos poucos, as tensões vão esfriar. Não vejo chance de reverter o resultado", disse Luis Otavio Leal, economista-chefe do Banco Alfa, ao BNamericas.

Esta é a primeira vez desde a redemocratização do Brasil na década de 1980 que um presidente perde a reeleição. A imagem de Bolsonaro sofreu muito desgaste durante o combate à pandemia de COVID-19, quando criticou as medidas de distanciamento social defendidas por especialistas em saúde global e governadores estaduais.

PROMESSAS DE LULA

Lula, que já foi presidente do país durante dois mandatos, entre 2003 e 2010, publicou poucos dias antes do segundo turno uma carta de nove páginas com detalhes de seus compromissos se eleito, mas com alguns sinais contraditórios.

Lula que adotará uma política fiscal responsável, ressaltando que em seu governo passado já foram seguidos tais passos, com "redução da dívida pública, redução da inflação e aumento das reservas cambiais do país".

"A política fiscal responsável deve seguir regras claras e realistas, com compromissos plurianuais, compatíveis com o enfrentamento da emergência social que vivemos e com a necessidade de reativar o investimento público e privado para tirar o país da estagnação", disse o candidato de esquerda via uma carta publicada pelo site do Partido dos Trabalhadores.

"O sistema tributário não deve colocar em situação desfavorável o investimento, a produção e as exportações industriais, nem penalizar trabalhadores, consumidores e pessoas de baixa renda. É possível combinar responsabilidade fiscal, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável — e é isso que nós vão fazer, seguindo as tendências das principais economias do mundo", disse.

No entanto, ao dizer que assumirá a responsabilidade fiscal, Lula também destacou os planos para fortalecer o papel das empresas estatais, como a petroleira Petrobras e o banco de desenvolvimento BNDES, na economia.

"Os bancos estatais, especialmente o BNDES, e as empresas que promovem o crescimento e a inovação tecnológica, como a Petrobras, terão um papel fundamental neste novo ciclo", disse.

O papel do BNDES e das empresas estatais na economia é um ponto de grande polêmica e é apontado por analistas como um sinal contraditório a uma agenda de responsabilidade fiscal.

Durante a gestão de Dilma Rousseff – entre 2011 e meados de 2016 – também filiada ao PT e apoiada por Lula, os bancos estatais foram utilizados para promover a atividade econômica por meio de financiamentos subsidiados às empresas. Ao longo do tempo, esta estratégia revelou-se negativa, uma vez que o tesouro nacional foi obrigado a injetar recursos nestes bancos.

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