Ministério chileno continua a promover a dessalinização mesmo com dúvidas sobre custos

O Ministério de Obras Públicas do Chile (MOP) está trabalhando para estabelecer usinas de dessalinização de pequeno e médio porte em regiões do norte afetadas pela seca, além dos planos de licitar uma instalação de US$ 350 milhões ainda este ano.

Apesar do MOP continuar promovendo essa tecnologia como uma solução para o estresse hídrico, há preocupações sobre o eventual impacto nas contas de água dos consumidores.

“Em termos de infraestrutura [hídrica], há uma mudança significativa acontecendo. Por exemplo, em Chiloé, onde grande parte da população vive perto do litoral. Se você começar a perfurar, encontrará intrusão salina, então precisa encontrar uma maneira de mitigar este problema”, disse à BNamericas Carlos Estévez, coordenador de água do MOP, durante a convenção Expo Agua 2024 realizada na capital Santiago.

Ele explicou que os planos anteriores de infraestrutura hídrica se concentravam mais em canais e reservatórios, mas agora o MOP está analisando usinas de dessalinização para atender sistemas rurais de água, os quais produziriam uma média de 250 litros por segundo (l/s), enquanto a concessão planejada para a região de Coquimbo visa uma produção mínima de 800 l/s de água potável.

Algumas regiões que se beneficiariam desses esforços incluem Arica y Parinacota, Valparaíso e Coquimbo, com uma usina menor planejada para o vale do rio Choapa, além da concessão que visa fornecer água para as principais cidades da região.

Para Estévez, até mesmo regiões do sul podem ver projetos desse tipo no futuro e, para tanto, estão sendo realizados estudos com a ajuda do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).

Sobre o tema das tarifas de água, Jorge Rivas, chefe da Superintendência de Serviços Sanitários (SISS), revelou à BNamericas que a dessalinização deve ser vista como último recurso devido ao seu alto custo, mas que em casos como o de Coquimbo não há outra alternativa que possa fornecer água com rapidez suficiente neste momento.

“O alerta que enviamos neste caso é que não há outra opção além da dessalinização, mas isto tem um custo muito significativo para os usuários, e deve haver uma decisão política sobre quem arcará com esses custos”, afirmou ele durante o evento.

Rivas acrescentou que a SISS manteve conversas com o MOP sobre como as taxas serão tratadas no caso da próxima concessão de dessalinização de Coquimbo.

“Já demos [ao MOP] toda a nossa contribuição sobre o que precisamos como garantias para o setor de água, para que a eventual concessionária também possa dar garantias à empresa de água que comprará sua água – no caso, a Aguas del Valle”, concluiu.