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O CEO da Petrobras corre o risco de ser demitido?

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O CEO da Petrobras corre o risco de ser demitido?

Apesar das desavenças com o governo federal e o sentimento do mercado, é altamente improvável que o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, seja demitido – pelo menos no curto prazo.

Nos últimos meses, Prates, que foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e assumiu o cargo em janeiro, defendeu a estratégia de reinjeção de gás natural da estatal após ser questionado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

O ministro também está pressionando a Petrobras a vender campos terrestres que não planeja priorizar em seus investimentos futuros. A empresa informou recentemente que manterá em seu portfólio o polo Bahia Terra, que vinha sendo negociado com a Eneva e a PetroRecôncavo.

A administração de Prates também está sendo criticada por importadores de combustíveis, que entraram com uma medida no Cade acusando o governo de intervir na política de preços de combustíveis da Petrobras.

Em maio, a empresa abandonou a subordinação obrigatória ao chamado preço de paridade de importação (PPI), levando em consideração a vantagem competitiva de possuir capacidade de refino local.

Nesse caso, Siveira saiu em defesa da Petrobras, argumentando que os importadores, representados pela Abicom, deveriam melhorar a eficiência “ao invés de tentar fraudar a Petrobras com base em decisão administrativa do Cade”.

Em 30 de julho, Prates disse nas redes sociais que a direção da Petrobras tem sido alvo de uma campanha de desestabilização, acusando-a de não ser enfática em defender a exploração da Foz do Amazonas.

“Como em outros assuntos, eles tentam criar uma crise onde não há. O projeto tem sido enfática e diligentemente defendido nos fóruns e instâncias competentes. E aos olhos da opinião pública, também nos posicionamos de forma muito clara desde abril”, disse Prates.

Pedindo anonimato, uma fonte próxima ao CEO disse à BNamericas que não há risco de demissão de Prates no curto prazo.

Segundo a fonte, no longo prazo, a gestão de Prates dependerá de sua capacidade de despersonalizar a gestão ao sair dos holofotes.

“O Jean é muito bom, tem muito conhecimento e tem capacidade de liderança. Mas ele adotou uma política de comunicação muito personalizada, tudo é dele e vem dele. Acho que essa é sua maior fraqueza no momento”, disse a fonte.

Na quarta-feira (2), como que para demonstrar que tem a confiança do governo, Prates publicou uma foto (em foto) apertando a mão de Lula após um encontro com o presidente e Silveira.

“O encontro tratou dos planos de investimentos, projetos e obras já aprovados, com os quais a estatal brasileira de energia contribuirá para a estabilidade econômica, atraindo mais investimentos, gerando empregos e combatendo as desigualdades no Brasil”, disse Prates.

Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, acredita que os boatos sobre a possível renúncia de Prates são mais intrigas de Brasília do que insatisfação real.

“Principalmente porque ele está mantendo os preços dos combustíveis, e isso é bom para o governo”, disse Conde à BNamericas.

A não submissão ao preço de paridade de importação é potencialmente prejudicial às finanças e ao valor de mercado da Petrobras, disse ele, já que o Brasil depende da importação de combustíveis, principalmente do diesel.

“E quem vai importar para vender mais barato? Só a Petrobras, então isso é negativo para as ações da empresa”, argumentou.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, concorda com Conde.

“Em princípio, não vejo risco iminente de possível demissão de Prates, visto que ele atendeu a maioria das vontades do governo, inclusive conter aumentos de preços em relação à cotação internacional”, disse à BNamericas.

Segundo a Abicom, a defasagem média entre o diesel e a gasolina vendidos nas refinarias da Petrobras e o PPI está atualmente em 24% e 22%, respectivamente.

“Tenho observado de perto o quanto o preço do combustível no Brasil tem se distanciado do que é cobrado no mercado internacional, uma clara forma de intervenção do governo para controlar a inflação”, disse Lima.

A favor de Prates, está o fato de que a Fitch elevou recentemente a classificação de crédito da Petrobras pela primeira vez em 15 anos, enquanto a Moody's disse que a nova política de dividendos anunciada recentemente pela empresa não afeta sua qualidade de crédito.

“A redução no pagamento de dividendos para 45% do fluxo de caixa operacional menos o investimento dos 60% anteriores permitirá maior retenção de caixa para a Petrobras, protegendo seu balanço no caso de maiores investimentos ou aquisições”, disse a Moody's em comunicado.

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