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Análise

O crescimento da banda larga na América Latina: ISPs enfrentam desafios e aproveitam oportunidades

Bnamericas
O crescimento da banda larga na América Latina: ISPs enfrentam desafios e aproveitam oportunidades

O segmento de Provedor de Serviços de Internet (ISPs) continua a se expandir na América Latina, embora tenha enfrentado uma desaceleração em alguns mercados mais saturados, além de desafios regulatórios que dificultam a capacidade dessas empresas de competir com as grandes operadoras de telecomunicações.

“Há alguns desafios pela frente, como a saturação em alguns mercados, mas de uma maneira geral a América Latina ainda oferece grandes oportunidades para a conexão fixa e para os provedores de Internet”, disse à BNamericas Basílio Perez, presidente da Associação Latino Americana e do Caribe de ISPs (LAC-ISP).

LAC-ISP é o maior grupo de associações de ISPs e epresentando cerca de 40.000 provedores de Internet.

Os maiores desafios para o segmento ainda são as barreiras regulatórias e os mercados que permanecem fechados para os ISPs.

O Uruguai, por exemplo, é um país que só agora começou quebrou o monopólio da empresa estatal de telecomunicações Antel no fornecimento de banda larga fixa. Cerca de 80 empresas locais, que ofereciam TV a cabo, agora também podem oferecer serviços de Internet.

Embora o mercado uruguaio seja pequeno e já altamente conectado, Perez destacou que essas empresas estão começando a observar a migração de usuários da Antel para suas próprias bases de clientes.

No final de 2023, o Uruguai tinha 1,09 milhão de acessos de banda larga fixa, abaixo dos 1,14 milhão no final de junho. Cerca de 99% do total eram fornecidos pela Antel e 93% por fibra ótica.

No México, onde ainda há concentração no mercado na prestação de serviços de Internet, o crescimento tem ocorrido no interior do país, particularmente em áreas mais remotas e mal servidas.

Ao contrário do Brasil, por exemplo, o México não possui uma grande base de pequenos ISPs espalhados por todo o país.

No final de março, o México relatou 27,3 milhões de acessos de banda larga fixa. Aproximadamente 64% do total foram via fibra. O segmento de banda larga é liderado pela Telmex da América Móvil, com cerca de 10,3 milhões de acessos; seguida pela Totalplay do Grupo Salinas, com 5 milhões; e Megacable, com 4,5 milhões.

Em seguida vêm as empresas Izzi do Grupo Televisa: Cablemas (2 milhões), Cablevisión (1,3 milhão), Televisión Internacional (957 mil), TV Cable de Oriente (738 mil) e Cablevisión Red (634 mil).

A Telnor da América Móvil tinha 523 mil, enquanto a Sky, recentemente adquirida pela Televisa da AT&T, possuía 455 mil acessos.

A Colômbia, por outro lado, é um país que viu o surgimento de vários novos players nos últimos anos, muitos dos quais vieram do Brasil e até da Argentina, assinalou Perez. Estes são ISPs que se expandiram para aproveitar as oportunidades de crescimento e as conexões de fibra após testarem seu modelo em seus países de origem ou enfrentarem a concorrência nacional.

Segundo Perez, há casos de provedores que venderam operações no Brasil e na Argentina para tentar fazer negócios na Colômbia.

Na Colômbia, o número de assinantes de internet fixa era de 8,91 milhões no final de 2023, uma queda de 2.300 em comparação com 2022. Diferente do Brasil e do Chile, a tecnologia de modem a cabo continua a liderar o mercado, com 4,8 milhões de conexões. A fibra, por sua vez, representava 3,3 milhões de acessos e o xDSL cobria 396 mil.

A fibra óptica foi a única tecnologia que cresceu entre o 3º e o 4º trimestre de 2023, aumentando 2,8%. 

“A Colômbia talvez seja o mercado na América Latina mais promissor neste momento, em termos de crescimento. Há muitas regiões mais desassistidas e tem havido um bom espaço para crescimento”, disse o executivo.

SATURAÇÃO

No Brasil, um mercado com mais de 10 mil ISPs registrados e com a fibra já representando 75% de todos os acessos de banda larga, as oportunidades de crescimento com clientes que contratam Internet pela primeira vez estão cada vez mais limitadas.

No final de maio, o Brasil tinha 49,7 milhões de acessos de banda larga fixa, com 38,1% do total fornecido por pequenos ISPs, ou 42,4% considerando apenas a banda larga de fibra.

“Os mercados principais e as grandes cidades já estão praticamente bem atendidos. Com isso, vemos ocorrendo mais e mais trocas de clientes entre operadoras. Cliente novo, que nunca teve o serviço, é cada vez mais difícil”, disse Perez.

Como consequência desse fenômeno, além da competição acirrada que reduz os preços, há um esforço intenso por parte dos ISPs para oferecer serviços que possam proporcionar algum tipo de vantagem, como streaming, serviços digitais e, eventualmente, planos móveis sob o modelo de MVNO.

Porém, fora das principais cidades, ainda existe um grande contingente de pessoas que não são atendidas por serviços de fibra.

Perez observou que muitas famílias, especialmente aquelas de baixa renda, estão enfrentando dificuldades para pagar as contas de Internet. Ele atribui essa situação a questões macroeconômicas, que também estão impactando o crescimento da FTTH (fibra até a casa).

O executivo defende incentivos que permitam às famílias de baixa renda contratar serviços de Internet, como com recursos públicos.

AGENDA

Além dos subsídios para as famílias mais pobres, o LAC-ISP pede para que toda a banda de 6 GHz seja reservada para serviços não licenciados, como Wi-Fi, em vez de ser licenciada a operadoras para serviços como 5G.

A faixa do espectro de alta frequência é muito disputada por ambos os grupos de empresas. É fundamental que os ISPs possam oferecer Internet doméstica de maior qualidade, uma vez que todos os serviços fixos são utilizados via Wi-Fi.

Em setembro, o LAC-ISP participará de uma reunião organizada pela Comissão Interamericana de Telecomunicações (Citel) da Organização dos Estados Americanos (OEA) no México para advogar pelo uso total desse espectro para Wi-Fi. O México classificou apenas 500 MHz na parte inferior da banda (5.925-6.425 MHz) para uso não licenciado.

Na Argentina, segundo Perez, a dificuldade está na importação de equipamentos e roteadores para serviços Wi-Fi mais potentes. O país concedeu toda a banda de 6 GHz para Wi-Fi.

Outro tema importante na agenda dos ISPs é a oposição ao chamado fair share – um apelo das grandes operadoras de telecomunicações para que geradores de tráfego, como serviços de streaming e conteúdo, contribuam para investimentos na expansão da rede.

Na visão dos provedores, essa imposição tornaria o serviço mais caro para os usuários finais e para a cadeia industrial em geral.

O LAC-ISP tem defendido essa posição em fóruns no Brasil, Panamá e Argentina, entre outros lugares, segundo Perez.

Finalmente, os ISPs em mercados como o Brasil ainda aguardam uma definição dos reguladores de energia e telecomunicações sobre as novas regras e o modelo de precificação para o uso de postes de energia para a instalação de cabos de telecomunicações.

Nesta semana, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) criticou fortemente a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por ter encerrado unilateralmente uma regulamentação sobre o compartilhamento de postes.

A Anatel afirmou que houve avanços no compartilhamento de postes, com uma resolução conjunta aprovada em outubro de 2023, que visava estabelecer uma metodologia de precificação de uso baseada em custos.

Disse que a proposta estava alinhada com as políticas governamentais que promovem o compartilhamento de postes e que seu desacordo com a Aneel é motivado por preocupações com o impacto sobre milhões de brasileiros e pelo desrespeito pelas negociações anteriores entre as duas agências.

A Aneel declarou em um comunicado que decidiu encerrar o processo e enviar a questão de volta às suas equipes técnicas para apreciação.

Essa decisão foi motivada pelo retorno das consultas de mercado e por um recente decreto governamental, que, segundo o regulador, exige que as empresas de energia transfiram sua infraestrutura de distribuição para uma entidade legal separada.

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