O que a pausa nas exportações de GNL de Biden significa para 2 projetos mexicanos

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de suspender as licenças para novos pedidos de exportação de gás natural liquefeito (GNL) está gerando incerteza no México.

Dois grandes projetos de exportação de GNL, com insumos dos EUA, para a Ásia e a Europa estão em andamento no México.

O primeiro diz respeito à instalação Saguaro Energía, de US$ 14 bilhões, que está sendo construído pela Mexico Pacific em Puerto Libertad, no estado de Sonora. Já o segundo é a primeira fase do projeto de FLNG de Altamira, avaliado em US$ 1,3 bilhões, na costa do estado de Tamaulipas, liderado pela empresa norte-americana New Fortress Energy.

As obras da usina Saguaro Energía estão previstas para começar neste trimestre, enquanto Altamira deve entrar em operação neste mês.

Questionada pela BNamericas, a New Fortress não respondeu imediatamente, enquanto a Mexico Pacific afirmou que as implicações da medida ainda estão sendo analisadas.

A decisão da administração Biden se concentra apenas em projetos dos Estados Unidos, mas a falta de precisão sobre sua extensão fora do país ainda provoca incerteza, segundo Pablo Zárate, diretor-geral sênior da FTI Consulting.

“Embora os projetos no México não sejam mencionados, explicitamente, existem questões gerais sobre licenças que podem ficar pendentes para a exportação de gás para o México e as implicações que essas medidas podem ter”, disse ele à BNamericas.

“Embora não seja o objetivo da administração, é óbvio que os projetos que estão em execução fora dos EUA também são afetados pelo clima de incerteza que este anúncio está gerando. Espero que os esclarecimentos pertinentes sejam feitos o mais rápido possível.”

A New Fortress provavelmente não enfrentará grandes problemas, já que o trabalho em suas instalações está bem avançado. Mas a empresa planejava construir um segundo terminal no porto de Altamira, e ainda não está claro se esses planos poderão avançar.

A México Pacífico recebeu autorização do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) para exportar para países com e sem acordos de livre comércio com os EUA em 2019, por isso, em teoria, seu projeto não deveria ser afetado. As licenças expirarão no final de 2025.

“Estamos no caminho para iniciar as atividades plenas no primeiro trimestre”, disse à BNamericas o representante local da empresa, Alberto Alonzo, em entrevista em janeiro. “As pessoas já estão trabalhando nas instalações em Puerto Libertad. Então, já temos atividade, mas eu diria oficialmente que a decisão final de investimento para os dois primeiros trens ocorreria no primeiro trimestre de 2024, e para o terceiro trem, no primeiro semestre de 2024.”

Não se sabe ao certo como a suspensão nas licenças afeta os projetos de exportação em gasodutos.

O congelamento

A revisão das licenças pelo governo Biden levará meses, informou a secretária de Energia dos Estados Unidos, Jennifer Granholm, em uma coletiva de imprensa, acrescentando que aliados dos EUA, Europa e Ásia não serão afetados pela medida, mesmo que não tenham acordos de livre comércio com Washington, já que sua dependência do gás pode estar sujeita a isenções sob o pretexto da segurança nacional.

Os EUA são o maior exportador mundial de GNL, com 14 Bf³/d (bilhões de pés cúbicos por dia) em capacidade operacional atual e 48 Bf³/d em autorizações totais aprovadas pelo DOE até o momento, segundo a entidade.

O gás natural é a principal fonte de combustível do México, respondendo por 48% da geração de energia, e 70% é importado do vizinho do norte, de acordo com um relatório da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe.

Em comunicado, Biden destacou que o congelamento visa fortalecer a política ambiental. “Durante este período, analisaremos atentamente os impactos das exportações de GNL nos custos de energia, na segurança energética do país e no meio ambiente. Esta pausa nas novas aprovações de GNL vê a crise climática como ela é: a ameaça existencial do nosso tempo”, disse ele.