O que esperar da viagem de Lula à China

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, estará na China entre os dias 12 e 14 de abril para reforçar os laços políticos e econômicos entre os dois países.

“A visita oficial do Brasil à China é importante tanto do ponto de vista econômico, para atrair mais comércio e investimentos, quanto do lado político, pois vai mostrar que não só o governo brasileiro, mas o Congresso, quer ter laços ainda mais fortes com a China”, disse Tulio Cariello, diretor de pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), à BNamericas.

A visita, a quarta de Lula, estava prevista inicialmente para março, mas teve de ser adiada porque o presidente teve problemas de saúde.

“Nós queremos investimentos para gerar empregos e novos ativos produtivos. O Brasil tem uma belíssima relação com a China. Fazemos parte do BRICS juntos. É o nosso principal parceiro comercial. Vamos tentar vender mais as coisas que produzimos para eles. Vamos fortalecer essa relação”, afirmou Lula em discurso antes de sua partida.

“Queremos fazer investimentos que signifiquem algo novo, como rodovias, hidrelétricas”, destacou Lula, acrescentando que também convidará o presidente da China, Xi Jinping.

A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil em 2009, substituindo os EUA.

Em 2022, a China importou produtos brasileiros no valor de US$ 89,7 bilhões, sobretudo soja e minério de ferro, enquanto exportou quase US$ 60,7 bilhões para o país. O volume negociado foi 21 vezes maior do que em 2004, quando Lula visitou o país pela primeira vez.

Segundo Cariello, Lula pode conseguir a adesão do Brasil à Iniciativa do Cinturão e Rota, um empreendimento geoestratégico que envolve grandes investimentos em infraestrutura terrestre e marítima para conectar a China aos principais centros comerciais.

“Com o Brasil fazendo parte dessa iniciativa, podemos esperar que haja ainda mais investimentos chineses em infraestrutura no país”, afirmou.

A viagem contrasta com a visita de Lula à Casa Branca em fevereiro. Embora ele e o presidente Joe Biden tenham destacado a amizade dos dois países, nenhum investimento ou acordo adicional foi anunciado.

“Os EUA se afastaram da América do Sul nas últimas décadas, enquanto a China, considerando uma perspectiva de 20 anos, aumentou sua influência na região. Diante disso, não só o Brasil, mas todos os países da região veem a China como um parceiro econômico mais interessante do que os EUA”, avaliou Cariello.