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Análise

O que esperar do leilão 5G do Brasil

Bnamericas

O leilão de espectro 5G do Brasil em 4 de novembro é visto como tendo o potencial de trazer grandes investimentos para o país e diversificar casos de uso e modelos de negócios relacionados à tecnologia móvel.

A agência reguladora do setor, Anatel, publicou o edital na segunda-feira, que foi bem recebido por especialistas consultados pelo BNamericas, bem como por players do setor e associações comerciais.

“No geral, vemos a aprovação do leilão de forma muito positiva, principalmente considerando que será um dos primeiros no Brasil [para a área de telecomunicações] a não ter um foco exclusivo na captação de recursos”, Márcio Kanamaru, chefe de tecnologia, mídia e telecomunicações na KPMG , disse ao BNamericas.

“Mas nossa previsão é que a massificação dos serviços 5G ocorra em um prazo de cerca de cinco anos”, afirmou.

O governo vai licitar frequências em quatro bandas: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz.

Entre as condições do leilão destacadas por Kanamaru está a inclusão da obrigatoriedade de conexão para escolas públicas, como parte do investimento associado à faixa de 26GHz.

Esse processo será supervisionado por uma entidade específica a ser criada, com responsabilidade compartilhada entre os ministérios da educação e das comunicações.

Também é positivo para Kanamaru a obrigação dos vencedores das licitações de cobrir 48 mil km de rodovias federais com internet de alta velocidade, com prioridade para os principais corredores logísticos do país.

O analista disse que vê o 5G desencadeando uma série de casos de uso que irão “revolucionar” o mundo dos negócios, mas alertou que políticas públicas adequadas são necessárias para tornar isso possível.

O ecossistema 5G como um todo precisará de tempo para amadurecer, pois hoje não há muitos dispositivos compatíveis com a nova tecnologia, principalmente por um preço baixo, acrescentou.

ANTENAS

Do ponto de vista da infraestrutura, Kanamaru considera necessária a regulamentação das redes aéreas cabeadas, utilizadas para repassar o cabeamento, e, principalmente, a aprovação de leis municipais que facilitem a instalação de antenas de celular.

“Espero que a questão das antenas esteja na agenda dos conselhos e administrações municipais”, disse ele, acrescentando que o 5G exigirá muito mais infraestrutura sem fio do que o 4G.

As primeiras antenas 4G implantadas tinham um raio de cobertura inicial de 16km em média, considerando as principais frequências utilizadas, disse à BNamericas Fabio Covolo Mazzo, arquiteto de software principal do CTC e consultor da Vee Digital.

Com o tempo e algumas atualizações tecnológicas, alguns fornecedores de equipamentos conseguiram elevar para 200km, afirmou.

No 5G, porém, o raio médio de cobertura, considerando as frequências normalmente utilizadas, é bem menor, ou cerca de 300 metros, segundo Mazzo. Isso significa que muito mais equipamentos e estações base de celular serão necessários para cobrir a mesma área.

Por outro lado, enquanto o 4G suporta uma média de cerca de 100.000 dispositivos conectados a cada antena, o 5G é capaz de suportar até 1 milhão de dispositivos conectados a cada célula, disse ele.

“O 5G habilitará uma variedade de sensores conectados a esta rede muito maior e suportará muito mais dispositivos do que as gerações anteriores.”

“No geral, entendo que a implantação dessa infraestrutura será muito mais planejada e calculada do que em 4G”, disse Mazzo, acrescentando que o 5G deve ser inicialmente concentrado em grandes cidades e onde há uma “necessidade específica”.

CRONOGRAMA, INVESTIMENTOS

De acordo com o cronograma de licitações, as primeiras redes devem ser ativadas em todas as capitais até o final de julho de 2022.

Kanamaru acredita que o prazo é muito curto e os operadores terão que correr contra o relógio para cumpri-lo.

O analista espera a participação de grandes provedores de internet (ISPs) e grupos de infraestrutura de telecomunicações na licitação, além das três principais operadoras de telefonia móvel: Telefônica , Claro e TIM .

Destes, a TIM foi a primeira a confirmar publicamente a participação no leilão, com um aceno formal de seu conselho de administração na última sexta-feira.

“O 5G vai desencadear uma revolução em vários setores e representa uma enorme oportunidade para o desenvolvimento do Brasil”, disse o CEO da TIM, Pietro Labriola, em um comunicado.

Labriola disse ainda que o 5G será “um catalisador para novas soluções tecnológicas, trazendo uma série de benefícios para a indústria, sendo o mais relevante a ativação massiva da IoT, com soluções de altíssima velocidade e baixa latência”.

De acordo com os call centers e a associação de infraestrutura de telecomunicações Feninfra , o 5G tem potencial para gerar negócios no valor de US $ 1,2 trilhão para o Brasil e investimentos diretos de mais de 165 bilhões de reais (US $ 30,8 bilhões) em infraestrutura de rede nos próximos 20 anos.

A criação de infraestrutura 5G e a expansão das atuais redes de fibra e 4G são os principais objetivos do leilão, informou a associação em comunicado.

“Estamos muito satisfeitos com a aprovação do edital. O texto é equilibrado, incentiva a participação de diferentes atores, garante igualdade de direitos e possibilita a rápida implantação do 5G ”, disse Vivien Suruagy, chefe da Feninfra.

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