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O que está nos planos da Petrobras?

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O que está nos planos da Petrobras?

Reaproveitamento de FPSOs, ampliação da oferta nacional de gás, fertilizantes e derivados de petróleo e descarbonização estão entre as ambições da Petrobras para os próximos anos.

Durante um café da manhã com jornalistas nesta segunda-feira (14), a CEO da estatal brasileira, Magda Chambriard, e diretores-executivos deram indicações de temas que devem aparecer em seu novo plano de negócios (2025-2029), o qual será anunciado em novembro.

A seguir, a BNamericas detalha os destaques do encontro no Rio de Janeiro.

FPSOs

Em um esforço de aumentar o fator de recuperação de reservas na Bacia de Campos e fugir dos elevados custos de construção de novos FPSOs, a Petrobras está avaliando utilizar em novos projetos unidades que estavam previstas para serem descomissionadas.

Entre as unidades em estudo estão: P-19, P-35, P-37 e P-47.

“Entendemos que a Bacia de Campos pode, quem sabe, produzir pelos próximos 40, 50 anos, a mesma quantidade de petróleo que produziu até hoje” observou Chambriard.

Campos começou a produzir no final da década de 1970 e, hoje, é a segunda maior bacia produtora do país, atrás de Santos.

A CEO da Petrobras assinalou que esse movimento é uma mensagem ao mercado de que a companhia precisa de plataformas mais em conta.

“A revitalização de plataformas faz parte do entendimento de que atingimos valores inaceitáveis de plataformas. Não é possível contratar plataformas com capacidade para produzir 100 mil b/d beirando os US$ 4 bilhões”, pontuou Chambriard.  

As recentes licitações realizadas pela Petrobras – como as dos FPSOs Sergipe Águas Profundas (SEAP I e II), Albacora e Barracuda/Caratinga – têm atraído poucos proponentes devido à escassez de financiamento e às exigências contratuais estabelecidas pela empresa relacionadas a garantias financeiras e conteúdo local.

Uma das estratégias para viabilizar a contratação de novas plataformas é a utilização do modelo BOT (sigla em inglês para “construir-operar-transferir”), além do EPC (engineering, procurement and construction). 

A estatal lançou, na segunda-feira, a licitação para contratar o FPSO P-86, sob o modelo de EPC, para revitalização de Marlim Sul/ Leste, e, até novembro, deve colocar no mercado o novo processo de contratação das plataformas de Sergipe Águas Profundas (SEAP 1 e 2), possivelmente como BOT.

Sobre a unidade de produção de Albacora, a petroleira ainda estuda qual metodologia contratual será empregada. 

Ainda em 2024, a Petrobras planeja colocar em operação o FPSO Maria Quitéria, no Parque das Baleias e Marechal Duque de Caxias (Mero). O Almirante Tamandaré (Búzios) deve produzir seu primeiro óleo entre o final deste ano e o início de janeiro.

GÁS

Chambriard afirmou que o FPSO Búzios 12, cuja licitação deve ser lançada ano que vem, terá a obrigação de aumentar a disponibilização de gás para o mercado. 

“Foi uma surpresa encontrar algumas plataformas de Búzios sem capacidade de exportação de gás para a costa. Estamos remediando isso, vendo que poços eventualmente podem ter ficado para trás e não terem sido aproveitados”, comentou a executiva, ressaltando que também existe esse problemas em alguns campos da bacia de Campos.  

A ideia da Petrobras é endereçar novos volumes de gás para indústrias como as de fertilizantes, química e petroquímica.

Enquanto isso, a estatal avança no mercado livre de gás. Hoje, ela tem seis clientes livres – as siderúrgicas Ternium, CSN e Gerdau, as termelétricas Santa Cruz e Araucária e a Acelen, operadora da refinaria de Mataripe, na Bahia – e deve anunciar um novo cliente livre no início de 2025.

“Com o preço adequado de gás, o mercado brasileiro pode triplicar capacidade de absorção desse combustível”, assinalou Chambriard.

A partir de novembro, a Petrobras reduzir em 1,41% o preço do gás natural às distribuidoras (mercado regulado), em função da taxa de câmbio e cotação do Brent. Desde janeiro de 2023, quando começou o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a queda acumulada é de 17%, de acordo com o diretor-executivo de transição energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim.

Ele informou que a Petrobras acaba de aprovar novas modalidades de contratos de gás para as distribuidoras.

“Elas podem fazer contratos tailor made, jogando com flexibilidade, prazo, início de fornecimento, local de entrada e indexador de preço. Tínhamos 20 possibilidades, agora serão 48”, disse Tolmasquim.

Além disso, a companhia está oferecendo às distribuidoras um desconto de 10% sobre volumes que, eventualmente, forem demandados acima do mínimo previsto em contrato.

DESCARBONIZAÇÃO

Chambriard lamentou que o diesel renovável (diesel R) – feito com óleo vegetal ou gordura animal – tenha ficado de fora do programa Combustível do Futuro, que foi recentemente aprovado pelo Congresso Nacional.

A exclusão do diesel R era pleiteada por produtores de biodiesel no país.

“Não queremos ser concorrentes do agronegócio. Seremos parceiros do agro, comprando óleo renovável para fazer diesel renovável. Facilmente conseguiremos chegar a um diesel com 10% de renovável e, posteriormente, construiremos refinarias para chegar a 20%,” afirmou a executiva.  

Chambriard revelou que, nos próximos dias, a Petrobras anunciou uma parceria com a Vale em prol da descarbonização, propiciando a utilização de óleo bunker com até 24% de combustível renovável.  

“Vamos ajudar a Vale a descarbonizar sua mineração. Imagina toda sua frota de navios com combustível mais limpo?”

Maurício Tolmasquim informou que o projeto-piloto de captura, armazenamento e utilização de carbono (CCUS), no estado do Rio de Janeiro, deve entrar em operação em 2028.

“Dois outros hubs de CCUS devem ser incorporados no novo plano de negócios”, antecipou o executivo.   

Chambriard assegurou que a Petrobras se tornará carbono neutro antes de 2050.

“Acho que é possível nosso net zero acontecer em 2035. Não é uma promessa, mas não é impossível”, completou.

REFINO E PETROQUÍMICA

A Petrobras tem mantido o índice de utilização de suas refinarias acima de 90%, na busca de reduzir a importação de combustíveis no país.

Em paralelo, está investindo na ampliação de seu parque de refino, com o revamp do primeiro trem da refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, e a construção de plantas no Complexo Boaventura (antigo Gaslub), no Rio de Janeiro.

A expectativa, com isso, é ampliar em 260 mil b/d a capacidade de processamento de petróleo no país, sobretudo visando à produção de diesel S10 (com menor teor de enxofre). 

Está prevista para ser retomada, em 2025, a operação da Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, que atender a cerca de 10% da demanda nacional pelo insumo, com produção de 720 mil t/ano de ureia.

Enquanto isso, a companhia trabalha para retomar a construção da Unidade de Fertilizantes III, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, que terá capacidade projetada de produção de ureia e amônia de 3.600 t/dia e 2.200 t/dia, respectivamente.

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