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Análise

O que pode significar a entrada do Brasil na OPEP+?

Bnamericas

O Brasil foi convidado a ingressar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (OPEP+) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estuda a questão

Para analistas ouvidos pela BNamericas, a eventual adesão do Brasil ao cartel suscitaria, sobretudo, ganhos geopolíticos ao país, que vai se firmando como relevante player na geopolítica da energia. 

 Criada em 1960 – com o objetivo de estabelecer uma política comum em relação à produção e à venda de petróleo – a Opep reúne 13 grandes produtores de petróleo: Arábia Saudita, Irã, Kuwait, Venezuela, Iraque, Argélia, Equador, Gabão, Indonésia, Líbia, Nigéria, Catar e Emirados Árabes Unidos. 

Já a Opep+, formada em 2016, agrega mais dez países. O grupo se reúne regularmente para decidir a quantidade de óleo bruto que será comercializada no mercado mundial.

Com produção de cerca de 3,6 MMb/d (milhões de barris por dia), o Brasil é o nono maior produtor global de petróleo e o primeiro da América Latina. Em 2022, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o país exportou, em média, 1,3 MMb/d de petróleo, pouco mais que 1% da demanda global no período. 

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê que a produção brasileira de petróleo atingirá o pico de 5,4 MMb/d em 2029. 

Para Nathana Garcez, estudante de doutorado do programa de pós-graduação San Tiago Dantas, cujo foco é a geopolítica do petróleo e do gás, a entrada do Brasil na OPEP+ daria um peso maior ao país como produtor. 

“É um reconhecimento do país como player relevante dentro da geopolítica e geoeconomia da energia, contribuindo para a construção e movimentação do mercado,” disse ela à BNamericas. 

Garcez acredita que o laço com a OPEP pode abrir caminho para novas parcerias econômicas e novas trocas com outros países. 

“Mas ficam os questionamentos acerca de quais serão os caminhos para a política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação às energias renováveis. Certamente haverá disputas internas para decidir se o projeto de transição energética será uma prioridade,” assinalou. 

Marcelo de Assis, diretor de upstream da Wood Mackenzie, acredita que o Brasil entraria como associado e não membro da OPEP+ (não estando, portanto, sujeito a cotas). 

“Na situação atual do Brasil, com a produção em crescimento até 2029, não faria sentido participar de cotas e cortes de produção,” afirmou ele à BNamericas. 

Assis acrescentou que o Brasil, apesar de grande produtor, também é um grande consumidor, e que o orçamento público brasileiro não é majoritariamente sustentado pelo preço do petróleo, como a maioria dos membros da OPEP.

“Portanto, elevações bruscas no preço do petróleo têm impactos significativos no preço dos derivados no mercado interno brasileiro, [que é dependente de importações de diesel e gasolina, por exemplo],” explicou. 

“Os ganhos são majoritariamente políticos na atual conjuntura, levando em conta o aumento dos BRICs com a Arábia Saudita e numa visão diplomática de ‘Sul Global’,” acrescentou Assis. 

Para Raphael Faucz, analista sênior de mercados de petróleo da Rystad Energy, uma eventual sujeição do Brasil a cotas de produção seria negativa, dado que o país é um dos principais impulsionadores do aumento da produção de petróleo no mundo. 

“Podemos ver este movimento geopolítico como um passo importante em direção ao alinhamento dos países do chamado ‘Sul Global’, organizando-se como alternativa aos fóruns tradicionais de discussão, tradicionalmente liderados pelos EUA, União Europeia, Reino Unido etc.” afirmou à BNamericas. 

Na visão de Mahatma Santos, diretor do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos do Petróleo (Ineep), o Brasil está se colocando como um ator relevante, participando ativamente de vários espaços institucionais de decisão sobre a segurança e transição energética global, bem como sobre o futuro da produção de petróleo e gás no mundo. 

 “Uma eventual adesão à OPEP+ não significaria, necessariamente, que o Brasil teria de se sujeitar a uma política de cortes ou ampliação de sua produção de forma mais acelerada. Seria mais o reflexo de um reposicionamento do país na geopolítica energética,” comentou Santos à BNamericas.

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