Orçamento de infraestrutura de Mendoza para 2025 reflete impactos da motosserra de Milei

A província argentina de Mendoza listou 217 projetos de infraestrutura em sua proposta de orçamento para 2025, que prevê um total de 230 bilhões de pesos (US$ 235 milhões) em investimentos em infraestrutura em um contexto de menor financiamento do governo federal.

O projeto de orçamento para 2024 havia alocado 84,4 bilhões de pesos para investimentos em infraestrutura pública, o que equivale a US$ 241 milhões quando ajustado pelas taxas de câmbio.

Ministros provinciais iniciaram negociações com legisladores locais na segunda-feira para garantir apoio ao projeto, informou o diário Memo.

O Ministério de Infraestrutura e Desenvolvimento Territorial da província deve receber a maior quantia, 83,4 bilhões de pesos, seguido pela autoridade rodoviária provincial DPV, com 23,8 bilhões de pesos, de acordo com os documentos.

A maior iniciativa individual envolve melhorias na rota provincial 82, com 30,1 bilhões de pesos, financiada por recursos provinciais e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Outros projetos menores incluem:

Reconstrução da rota provincial 99. Trecho Circuito-El Challao (3,5 bilhões de pesos)
Coletor de esgoto Blanco de Encalada II (2,77 bilhões de pesos)
Hospital Ilia. Etapa II (3,58 bilhões de pesos)
Modernização do sistema de irrigação de Chimba (5,94 bilhões de pesos)

FINANCIAMENTO

Uma das principais diferenças em relação ao projeto de orçamento de 2024 diz respeito à fonte dos recursos para investimentos em infraestrutura, em função das medidas de austeridade adotadas pelo presidente Javier Milei.

Por exemplo, a coparticipação em rodovias federais passou de US$ 4,7 milhões neste ano para apenas US$ 119.500, com base nas taxas de câmbio de outubro de 2023.

Enquanto isso, as receitas gerais da administração pública aumentaram de US$ 122 milhões para US$ 168 milhões.

Emanuel Fugazzotto, deputado provincial pelo Partido Verde de Mendoza, disse à BNamericas que a administração local, liderada pelo governador de centro-direita Rodolfo Suárez, está tentando aumentar a receita do governo adicionando novas taxas, como pedágios e novas fórmulas de tributação.

“[O executivo provincial] diz que vai reduzir custos, mas entendemos que, conforme está apresentado, isso ultrapassará o crescimento salarial aqui. Logicamente, será uma carga tributária complexa para as famílias de Mendoza”, afirmou. 

Como exemplo, o legislador disse que, se um medidor de eletricidade for roubado, o usuário terá que pagar pela sua substituição. 

“Existem questões que deveriam ser garantidas pelo Estado quando se trata de fornecer serviços, e isso será transferido para os usuários por meio de contas e impostos”, disse o legislador. 

Fugazzotto reconheceu que isso se deve, em grande parte, à “motosserra” imposta por Milei nos fundos federais, uma vez que Mendoza sempre foi historicamente dependente do financiamento do governo nacional.