Os desafios do novo CEO da Pemex

A presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, nomeou Víctor Rodríguez Padilla para o cargo de CEO da petrolífera nacional Pemex.

Rodríguez Padilla é formado em engenharia de energia e professor da Universidade Nacional Autônoma do México, além de autor de artigos acadêmicos e jornalísticos ao lado de Sheinbaum.

O atual CEO da Pemex, Octavio Romero Oropeza, é um aliado próximo do presidente cessante, Andrés Manuel López Obrador. Rumores indicavam que López Obrador queria que Sheinbaum mantivesse Romero Oropeza no cargo.

“Víctor é, definitivamente, preferível a Romero Oropeza”, disse à BNamericas Miriam Grunstein, advogada especializada no setor de energia e fundadora da Brilliant Energy Consulting. “Ao nomeá-lo, Sheinbaum mostrou que tem alguma independência.”

“Com mais de 40 anos de experiência na indústria, Víctor conhece a cadeia de valor de dentro para fora, mas nunca administrou uma empresa. Ele sempre foi um conselheiro, nunca um empresário, e enfrentará uma enorme pressão política”, completou.

Rodríguez Padilla terá de encontrar maneiras de administrar a dívida de US$ 100 bilhões da Pemex, ao mesmo tempo em que tenta aumentar a produção de petróleo e gás da empresa e expandi-la para a geração de energia renovável.

Em uma coletiva de imprensa realizada na Cidade do México nesta segunda-feira (26), o novo diretor afirmou que a Pemex manterá a produção de petróleo em torno de 1,8 MMb/d (milhão de barris por dia).

Segundo ele, a empresa terá um papel fundamental na transição energética do México e no desenvolvimento de fontes renováveis. Além disso, o executivo lembrou que 88% da energia consumida no país ainda vem de combustíveis fósseis.

“A Pemex não se limitará a petróleo, gás e condensados”, disse ele, citando setores como energia eólica onshore e offshore e extração de lítio.

Assim como Sheinbaum e López Obrador, Rodríguez Padilla é defensor da soberania energética e do papel das empresas estatais de energia.

Na coletiva de imprensa, ele afirmou que as políticas energéticas de governos anteriores, que abriram o setor ao investimento privado, resultaram em uma queda na produção de petróleo e gás da Pemex e um aumento da dívida.

A Pemex continuará pagando sua dívida regularmente, destacou.

Sheinbaum anunciou que divulgará detalhes sobre seus planos para o setor de energia em uma nova coletiva de imprensa. Além do futuro da Pemex, o plano abordará o papel da concessionária estatal CFE e a contribuição do setor privado.

“Coordenaremos os investimentos com o setor privado”, disse Rodríguez Padilla, citando projetos como o campo de Zama, que está sendo desenvolvido pela Pemex com os parceiros privados Harbour Energy, Wintershall Dea e Talos Energy.

Rodríguez Padilla assumirá o comando da estatal quando o governo de Sheinbaum tomar posse, em 1º de outubro.