Os principais destaques em tecnologia, inovação e transformação digital do G20

A Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro, foi encerrada com diversos anúncios bilaterais e multilaterais, com ênfase nas áreas de tecnologia, inovação, ciência e TIC.

Além de abordar temas como transição energética, reforma do sistema multilateral, proteção ambiental, redução das desigualdades e tributação dos super-ricos, a declaração final do G20 enfatizou a importância das tecnologias digitais e da Inteligência Artificial (IA).

O documento destacou a promoção da cooperação internacional para reduzir as desigualdades digitais e reconheceu que a IA pode criar oportunidades econômicas. Mas, também apontou preocupações éticas e riscos relacionados aos direitos e bem-estar dos cidadãos.

O tom geral da declaração foi pró-inovação.

“Reconhecemos a necessidade de aproveitar as oportunidades da IA, incluindo a IA generativa, enquanto permanecemos atentos aos seus desafios. Buscaremos promover uma abordagem de governança/regulação pró-inovação para a IA, que limite riscos e, ao mesmo tempo, nos permita beneficiarmos do que ela tem a oferecer”, declararam os países do G20.

A declaração encarregou o Grupo de Trabalho de Emprego do G20 de elaborar princípios para o uso “confiável e seguro” da IA nos ambientes de trabalho. Também anunciou criação de uma força-tarefa ou uma “iniciativa de alto nível” para discutir a governança da IA.

O texto apela por “um engajamento global fortalecido e eficaz no debate sobre direitos autorais e direitos conexos no ambiente digital e os impactos da Inteligência Artificial sobre os detentores de direitos autorais”.

COOPERAÇÃO BRASIL-CHINA

O Brasil assinou a maioria dos seus acordos (37) com a China, cujo presidente, Xi Jinping, realizou uma visita oficial a Brasília após a Cúpula do G20 no Rio.

Em 2024, os dois países celebrarão 50 anos de relações diplomáticas, com a China continuando como o maior parceiro comercial do Brasil.

SATÉLITES

A estatal brasileira de telecomunicações, Telebras, assinou um memorando de entendimento (MoU) com a empresa chinesa de satélites SpaceSail para fornecer conectividade em áreas carentes de infraestrutura de fibra, como regiões rurais.

A SpaceSail, assim como a Starlink e a OneWeb, oferece serviços de internet de alta velocidade por meio de um sistema de satélites de órbita baixa da Terra (LEO, na sigla em inglês). A empresa lançou o segundo lote de sua constelação de primeira geração – composta por 18 satélites – em 16 de outubro, após o lançamento do primeiro lote em 6 de agosto.

COOPERAÇÃO DE DADOS

O Ministério das Comunicações assinou um acordo com a Administração Nacional de Dados da China para desenvolver infraestrutura digital, projetos de cidades inteligentes e inovação tecnológica.

A Administração Nacional de Dados da China supervisiona a criação de sistemas e padrões para a economia digital do país, incluindo integração, compartilhamento e aplicação de recursos de dados. O órgão chinês já assinou MoUs com países como Peru, Uruguai, Chile, Paquistão e Vietnã.

IA

Antes da visita de Xi Jinping, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, havia assinado cinco MOUs com a China. Esses acordos abrangem:

• Estabelecimento de um programa sino-brasileiro de fonte de luz síncrotron 
• Criação de um laboratório conjunto para mecanização e IA para agricultura familiar
• Aprimoramento  da cooperação no desenvolvimento de capacidades em IA
• Cooperação  na indústria fotovoltaica

FIBRA ÓTICA

Durante o G20, o presidente Lula se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Entre outros anúncios, o governo norte-americano prometeu financiar a expansão da infraestrutura de fibra ótica no Brasil. 

A Corporação Financeira para o Desenvolvimento Internacional (DFC) aprovou um financiamento combinado de US$ 630 milhões para a brasileira V.tal, visando expandir o backbone de fibra do país. O projeto deve viabilizar mais de 1,6 milhão de novas conexões FTTH (fibra até a residência) até o final de 2028.

SEMICONDUTORES E INFRAESTRUTURA DIGITAL

O presidente Lula também se encontrou com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, para discutir a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa lançada pelo Brasil no G20. Além disso, abordaram o papel estratégico da Malásia na indústria de semicondutores.

Além disso, o Brasil também assinou um acordo de investimentos mútuos com os Emirados Árabes Unidos (EAU), incluindo cláusulas voltadas para infraestrutura tecnológica. Dentro de 60 dias, o BNDES  apresentará um portfólio de projetos aos fundos de investimento dos EAU, com foco em infraestrutura digital, minerais críticos, energia e infraestrutura geral.