Os projetos de infraestrutura que precisam ser acelerados para os Jogos Pan-Americanos de Lima de 2027

Como sede dos Jogos Pan-Americanos de 2027, Lima terá de resolver questões relacionadas com obras públicas e conectividade urbana, embora a capital peruana pareça bem preparada por já ter sediado o evento esportivo em 2019.

Ainda assim, o progresso de megaprojetos como a Linha 2 do metrô é incerto e gera dúvidas a respeito da possibilidade de serem concluídos a tempo para aliviar o tráfego.

Cada dólar investido no evento renderá três ou quatro, afirmou o ministro de Economia (MEF), José Arista, segundo o veículo estatal El Peruano.

Carlos Neuhaus, que chefiou a comissão organizadora de 2019, disse ao El Comercio que o evento poderá contribuir com mais de meio ponto percentual para o PIB em 2027, mas “a cidade precisa acelerar as obras que devem ser realizadas”.

A BNamericas analisa as principais obras necessárias para o evento esportivo.

LINHA 2 DO METRÔ DE LIMA

O megaprojeto de US$ 5,34 bilhões é a obra de transporte e mobilização urbana mais importante para o evento. Construída por meio de uma parceria público-privada (PPP), a iniciativa registra um progresso acumulado de 52,7%, segundo o regulador Ositran, mas até o momento não tem previsão de entrega.

A Linha 2 conectará a cidade portuária de Callao com Ate-Vitarte e contará com 27 estações. Atualmente, um trecho com cinco estações está em operação, com o lançamento de outras três previsto para 2026, de acordo com o Ministério de Transportes e Comunicações (MTC). O cronograma inicial indicava que o projeto seria entregue em 2025.

Segundo Verónica Zambrano, presidente do Ositran, as obras da Estação Central ficarão paralisadas dentro de três meses, quando a tuneladora chegar ao local, porque não há licenças do Município Metropolitano de Lima (MML). “Isso vai nos causar problemas com a concessionária, que pode pedir indenização pelos atrasos”, alertou Zambrano em entrevista a um canal de televisão.

NOVO AEROPORTO JORGE CHÁVEZ

O novo aeroporto Jorge Chávez, localizado em Callao, é um megaprojeto de US$ 2 bilhões que deverá ser entregue em 18 de dezembro deste ano.

Segundo a construtora Lima Airport Partners (LAP), o novo terminal tem um avanço acumulado de 77%. Atualmente, estão em curso as obras de conclusão de viadutos e instalação de equipamentos internos.

A construção da maior parte da infraestrutura já teria sido concluída e a LAP destaca que a rede hoteleira Costa del Sol já iniciou a construção de um hotel de luxo no local, cujo capex chega a US$ 50 milhões.

ACESSO AO AEROPORTO

Embora a construção do novo aeroporto esteja avançando em um bom ritmo, a realidade dos acessos é diferente.

O consórcio Santa Rosa de Lima recebeu o contrato de construção das pontes modulares para o aeroporto, uma solução temporária durante a execução das obras do acesso principal (Ponte Santa Rosa).

As obras das pontes modulares terão início este mês, custarão 11,9 milhões de soles e devem ser concluídas em outubro.

A construção da ponte Santa Rosa foi planejada usando o mecanismo de “Obras por Impostos”, mas agora é um projeto entre governos com a participação da França. Neste sistema, um governo contrata bens, serviços e obras de outro.

O prazo para concluir a infraestrutura até o final de 2025 foi cancelado.

Em entrevista a um veículo de comunicação local, o titular do MTC, Raúl Pérez Reyes, afirmou que o projeto estará pronto no segundo semestre de 2026, mas especialistas apontam que poderá ser concluído em 2027. O capex ultrapassará 346 milhões de soles, mas o valor está sujeito a revisão, de acordo com o responsável.

ESTAÇÃO DE METRÔ NO NOVO AEROPORTO

Outro projeto importante, mas cujos planos ainda são incertos, é a eventual ligação da Linha 2 do metrô com o novo terminal aeroportuário. Por falta de planejamento conjunto, o desenho atual da linha inclui uma estação que chega ao aeroporto, mas não conta com uma subestação que leve ao novo terminal.

Essa falta de coordenação exigirá o desenvolvimento de soluções para conectar as duas obras, mas, no momento, nada está definido. Especialistas do setor sugeriram que o trecho fosse concedido à empresa e/ou responsável pela Linha 3 do metrô.

VIA EXPRESSA SANTA ROSA

O projeto, que visa ligar o futuro aeroporto à Costa Verde de Lima – via expressa de 23 km entre as praias de Callao e o distrito de Chorrillos – é outra iniciativa importante a ser entregue no médio prazo, mas que teve ajustes de cronograma.

Embora o MTC tenha anunciado em outubro de 2023 que o projeto estará pronto em novembro de 2027 – bem na época do evento esportivo –, uma atualização da PMO Vías, representante local das empresas francesas responsáveis pelo projeto (EGIS e SETEC), apontou que o projeto será concluído em 2028 e que os custos aumentarão de 820 milhões de soles para 1,71 bilhão de soles. 

“Esperamos que o evento sirva como desculpa para ver como podemos acelerar projetos já em andamento, entregar novos empreendimentos e resolver questões de transporte, como corredores metropolitanos”, disse à BNamericas Juan José Cárdenas, advogado especializado em infraestrutura e sócio do escritório Damma Legal Advisors.

OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

A manutenção da infraestrutura esportiva existente também é fundamental. Segundo Cárdenas, hoje, o serviço é prestado por uma empresa privada como parte de um contrato entre governos com o Reino Unido, embora o Peru deva garantir a continuidade das obras.

“As instalações estão em um bom estado e já foram realizados campeonatos mundiais de diversas modalidades. É hora de garantir a manutenção para os próximos três anos e o governo tem que agir imediatamente”, concluiu o especialista.