Análise

Os projetos de TIC no plano de investimento de US$ 50 bi da UE para a América Latina

Bnamericas

Durante a cúpula entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), a UE anunciou um pacote abrangente de investimentos de € 45 bilhões (US$ 50,5 bi) para a região até 2027.

Os fundos irão para a transição verde, transformação digital, desenvolvimento humano e resiliência em saúde e vacinas.

“Formamos juntos uma agenda de investimentos de alta qualidade, para o benefício de ambas as nossas regiões. Acordamos setores e cadeias de valor para priorizar, desde energia limpa e matérias-primas essenciais até saúde e educação. E não se trata apenas de quanto estamos gastando, mas também de como estamos investindo”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em comunicado à imprensa.

No entanto, alguns investimentos, inclusive em tecnologia e serviços digitais, não são necessariamente novos. Eles foram apresentados anteriormente pela UE ou por parceiros financiadores, como o Banco Latino-Americano de Desenvolvimento (CAF) ou o BID. Outros são um tanto genéricos.

CABO AMÉRICA DO SUL-EUROPA

“Estão em andamento atividades de cooperação digital UE-ALC, como a extensão do cabo Bella e a criação de dois centros regionais Copernicus para redução do risco de desastres, mudanças climáticas, monitoramento terrestre e marinho”, afirmou a agenda de investimentos.

Uma parceria digital envolvendo € 145 milhões foi anunciada pela primeira vez em março na capital colombiana Bogotá. Bella, ou EllaLink, entrou em operação em junho de 2021. Conectada a Fortaleza, no Brasil, é a primeira rota direta de alta capacidade entre a América do Sul e a Europa, com 6 mil km de malha marítima, além de trechos terrestres.

Destina-se principalmente a troca de dados. As rotas terrestres do cabo na Europa estão sendo expandidas.

Esperava-se que o trecho da EllaLink na Guiana Francesa fosse construído e financiado pela França.

O Copernicus faz parte do programa espacial da UE e, entre outras coisas, compreende um centro de dados no Panamá e outro no Chile para ajudar no armazenamento e processamento de dados globais de satélites e sistemas de medição terrestres, aéreos e marítimos da iniciativa de observação da Terra.

ARGENTINA

A UE anunciou apoio ao projeto Internet para Todos (5G). O conselho do regulador Enacom deve aprovar em breve a chamada para uma licitação do 5G.

Também foi prometido apoio para legislação, regulamentos e políticas de inteligência artificial.

Outro projeto é uma aliança de cooperação acadêmica com potencial de inovação e tecnologia.

CHILE

Um projeto de tecnologia envolve o centro Copernicus, já anunciado anteriormente.

COLÔMBIA

A UE apoiará os planos da Colômbia de aumentar a conectividade para cobrir 85% da população até 2026.

Chamado Conecta TIC, esse programa foi anunciado em março e envolve a elaboração de um plano e a colaboração do BID.

O apoio específico da UE se baseia na conectividade para o programa de paz, segurança cibernética e na criação de uma agência espacial, mas nenhum detalhe foi anunciado ainda.

A Colômbia já tem uma agência espacial, mas trata-se de uma empresa privada.

COSTA RICA

Os investimentos irão para a infraestrutura 5G para promover a transformação digital, incluindo “conectividade de último quilômetro, redes seguras, confiáveis e robustas, serviços de governo eletrônico, segurança cibernética e inteligência artificial”, afirma o plano.

No mêspassado, a reguladora Sutel publicou o projeto de especificações para o leilão de espectro que permitirá a implantação do 5G.

O recebimento de ofertas está previsto para ocorrer ainda este ano.

REPÚBLICA DOMINICANA

O plano de investimento contém uma referência ao centro de competências cibernéticas LAC4, para fortalecer a resiliência cibernética nacional e regional, bem como para comércio eletrônico e digitalização.

O LAC4 foi implementado pela CyberNet em 2022, financiado pela UE, com uma instalação de treinamento em Santo Domingo.

EL SALVADOR

Um dos projetos citados envolve o apoio ao “fornecimento de conectividade em banda larga a escolas públicas e postos de saúde em áreas não atendidas”, além do 5G, que ainda não está disponível no país.

A UE também citou um “cabo submarino de fibra ótica do Pacífico”, embora nenhum cabo esteja sendo planejado para chegar ao país.

Atualmente, El Salvador não possui sistemas internacionais desembarcando em suas costas e, em vez disso, depende de conexões terrestres com vizinhos ou outras tecnologias.

GUATEMALA

Conectividade de última milha e “investimento em infraestrutura de conectividade para promover a transformação digital” foram listados como prioridades para a Guatemala.

JAMAICA

A UE anunciou apoio à “implantação do 5G para alcançar o acesso à banda larga em toda a ilha”, mas não forneceu detalhes. A Jamaica ainda não lançou uma licitação 5G.

Em março, a autoridade do espectro iniciou os preparativos para que os provedores de serviços pudessem introduzir o 5G.

PANAMÁ

O principal projeto de TIC mencionado foi a ativação do centro Copernicus, também anunciado anteriormente.

TRINIDAD E TOBAGO

O apoio irá para a “transição digital do país para garantir o desenvolvimento digital e socioeconômico da ilha, incluindo identidades eletrônicas”.

CONECTIVIDADE NA AMAZÔNIA

A UE trabalhará com o Brasil “e o setor privado da UE para expandir as redes de telecomunicações na região amazônica”.

Também mencionou a expansão do cabo EllaLink para “várias regiões do Brasil”.

Em entrevista recente à BNamericas, o country manager da EllaLink, Rafael Lozano, disse que os planos de expansão da malha terrestre de Fortaleza a São Paulo foram interrompidos devido à presença de outros sistemas nesta rota e falta de demanda, entre outros fatores. No entanto, o governador do Amapá, Clécio Luís, se reuniu com Lozano na semana passada para discutir uma extensão do cabo até o estado como parte da rota para a Guiana Francesa.

“Foi o primeiro encontro. Estamos iniciando negociações e espero ter novidades em breve”, declarou o governador à imprensa.

O Brasil possui um extenso programa de backbone de fibra ótica subfluvial na região, chamado Norte Conectado. Envolve R$ 1,3 bilhão (US$ 271 mi) e oito trechos ao longo dos leitos dos rios, cobrindo 12 mil km. Parte dos recursos vem de compromissos de leilões de espectro.

A multinacional italiana Prysmian foi contratada para fornecer a fibra para o primeiro trecho, mas perdeu para fornecedores chineses nos trechos seguintes. A Prysmian ainda espera fornecer outras rotas.

Também será necessário construir trechos em terra para a rede.

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