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Por que a Colômbia flerta com o perigo ao explorar gás venezuelano
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O presidente colombiano, Gustavo Petro, gerou polêmica quando anunciou planos para a empresa estatal de energia Ecopetrol investir em projetos de petróleo e gás na Venezuela.
A decisão foi descrita como ilógica pelos críticos de Petro – que incluem a grande maioria das partes interessadas colombianas do petróleo e do gás – porque contradiz a sua própria política de encerrar a produção nacional de combustíveis fósseis e substituí-la por energia renovável.
Contudo, em uma escala mais séria, há receios de que a medida possa pôr em risco a segurança energética da Colômbia.
Na terça-feira (21), a Ecopetrol emitiu um comunicado no qual explica que estão em curso trabalhos para reativar um gasoduto binacional desativado que permitiria a importação de gás da Venezuela.
A estatal afirmou também que solicitou autorização do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) dos EUA para perfurar hidrocarbonetos na Venezuela ao lado da empresa petrolífera do país vizinho, a PDVSA.
A razão, segundo a Ecopetrol, é um crescente desequilíbrio entre oferta e demanda que deixou a Colômbia enfrentando um déficit de gás natural já em 2024.
Petro havia insinuado a decisão durante uma declaração televisionada ao lado de seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, em 18 de novembro.
“É muito provável que a Ecopetrol se torne parceira da PDVSA na produção de petróleo e gás na Venezuela”, declarou. “Isso garantirá [a entrega de] matérias-primas de combustíveis fósseis para a Colômbia.”
Um dos primeiros a reprovar o anúncio foi o ex-ministro das Finanças colombiano Rudolf Hommes.
“Não se entende por que a Ecopetrol pode investir na exploração de petróleo e gás na Venezuela, mas não pode fazê-lo na Colômbia”, afirmou Hommes nas redes sociais. “Além do mais, investir na Venezuela significa sacrificar empregos e criação de riqueza na Colômbia. Por quê? Pagar royalties lá?”
O esforço da Colômbia para explorar as reservas comprovadas de hidrocarbonetos da Venezuela – as maiores do planeta – ocorre um mês depois de os EUA terem concordado em suspender temporariamente algumas sanções contra o país rico em petróleo.
Espera-se que a medida abra caminho para que empresas internacionais como Eni, Repsol e Maurel & Prom aumentem os seus investimentos e a produção existente na Venezuela.
Dadas as circunstâncias, existe a crença de que Petro – ao invés de priorizar os interesses nacionais colombianos – começa jogar um perigoso jogo geopolítico.
David Luna, ministro da informação, tecnologia e comunicações da Colômbia de 2015 a 2018, respondeu afirmando que “a incoerência de Petro não tem limites. Ele ordena a interrupção da exploração de petróleo na Colômbia, praticamente levando a nossa economia à falência, mas [depois] anuncia que a Ecopetrol irá investir na extração de petróleo da Venezuela”, afirmou nas redes sociais.
“O que o presidente está fazendo? O que ele quer é ajudar a perpetuar Maduro às custas dos colombianos que pagam cada dia mais pela gasolina”, disse o parlamentar.
As políticas aparentemente confusas da administração Petro podem ser a menor das preocupações da Colômbia.
Mesmo que a OFAC aprove o plano de Petro, não há garantias de que Washington concordará em suspender permanentemente as restrições à Venezuela.
A Casa Branca alertou que a administração Maduro deve tomar medidas imediatas para garantir eleições presidenciais livres e transparentes em 2024 para que o alívio das sanções continue.
“O risco é que a Ecopetrol se comprometa com investimentos significativos em projetos venezuelanos que serão posteriormente bloqueados pela reimposição de sanções”, comentou à BNamericas um funcionário do Ministério de Minas e Energia da Colômbia, pedindo anonimato.
Embora a Ecopetrol tenha prometido continuar a perfuração de gás na costa caribenha da Colômbia, os especialistas acreditam que a produção comercial ainda pode demorar quatro ou cinco anos, na melhor das hipóteses.
Uma opção muito mais rápida poderia ser aumentar a capacidade de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) da Colômbia. O terminal Spec, controlado pela Promigas, em Cartagena – que tem capacidade de regaseificação e entrega de 400 milhões de pés cúbicos por dia – é atualmente a única instalação de importação de GNL do país.
A outra solução é investir em novos projetos de exploração. Porém, isso exigiria uma reviravolta abrupta por parte de Petro, que tem sido firme na sua decisão de proibir novas rondas de licenciamento para áreas de exploração.
“A estratégia do governo não faz muito sentido”, acrescentou o funcionário.
O que está claro é que Petro tem utilizado a Ecopetrol para se entregar a uma manobra política arriscada que coloca ideologias à frente da soberania energética. As consequências para a Ecopetrol e para o setor energético colombiano poderão ser terríveis.
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Notícias em: Risco Político e Macro (Estados Unidos)
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