Por que a Engie Brasil está ansiosa pela expansão do mercado livre de energia

A expansão do mercado livre de energia do Brasil deve aumentar a competitividade do país e promover novas oportunidades de negócios, disse Eduardo Sattamini (foto), diretor-presidente da Engie Brasil Energia, à BNamericas.

A demanda mínima atual para ter acesso ao mercado livre – onde o consumidor pode escolher seu próprio fornecedor de energia elétrica – é de 500 kW para clientes de alta tensão.

No entanto, um decreto publicado em setembro pelo Ministério de Minas e Energia (MME) tornará todos os consumidores de alta tensão qualificados para a migração, independentemente da carga, a partir de janeiro de 2024.

Sattamini explicou que 106 mil unidades consumidoras estarão aptas a escolher seu fornecedor, obtendo economia sobre os preços praticados no mercado regulado atendido pelas concessionárias de distribuição de energia.

A Abraceel, associação de comercializadores de energia do país, calcula que, se todos os 106 mil consumidores decidirem migrar, o mercado livre pode saltar de 38% para 48% do consumo de energia do Brasil nos próximos anos.

“Embora a maior fatia da nossa carteira se mantenha com grandes clientes industriais e comerciais, nosso posicionamento está cada vez mais competitivo e preparado para atender, de forma gradual, segmentos empresariais de menor porte”, comentou Sattamini.

Enquanto isso, o governo estuda permitir que todos os usuários, inclusive consumidores de baixa tensão, migrem para o mercado livre a partir de janeiro de 2028.

Além da escolha do fornecedor, há opções de processos mais tecnológicos e menos burocráticos no mercado livre, apontou Sattamini.

De olho nos ganhos de escala, a Engie oferece plataformas digitais que permitem aos clientes cotar preços, comprar energia no curto prazo e gerenciar contratos, além de selecionar fontes renováveis de energia, acelerando os esforços de descarbonização.

“É o caso da aquisição de produtos verdes, que incluem créditos de carbono, contratos de energia renovável com garantia de origem e certificados de energia renovável”, disse o executivo.

“Esperamos ver as Energias Renováveis com protagonismo do Brasil na agenda internacional”, acrescentou.

A Engie está focada na expansão de sua capacidade instalada de renováveis e na diversificação do portfólio, ao mesmo tempo em que cresce no segmento de transmissão de energia.

Atualmente, a empresa está investindo R$ 6 bilhões (US$ 1,14 bilhão) no parque eólico Serra do Assuruá, de 846 MW, no estado da Bahia, e R$ 3,3 bilhões no projeto de energia solar fotovoltaica Assú Sol (752 MW), no Rio Grande do Norte.

Outros destaques na geração de energia são os projetos eólicos Campo Largo II (30 MW), na Bahia, cuja implantação foi concluída em 2021, e Santo Agostinho (19 MW), no Rio Grande do Norte, com entrada em operação prevista para este mês.

Campo Largo II foi viabilizado por 150 contratos com consumidores livres de energia, enquanto Santo Agostinho fornecerá energia para 230 clientes.

“Esses contratos de longo prazo refletem a confiança dos nossos clientes, dada a nossa robustez financeira, credibilidade e compromisso de entrega”, concluiu Sattamini.