Por que a Yara Fertilizantes está investindo no biometano brasileiro

A Yara Fertilizantes está apostando no biometano para descarbonizar sua produção de fertilizantes nitrogenados no Brasil. 

O objetivo é substituir o gás natural pelo biocombustível no processo de obtenção de amônia verde.

A empresa já está recebendo cargas de biometano da Raízen em sua planta de fertilizantes em Cubatão, no estado de São Paulo.

“Esse é o futuro, uma das grandes oportunidades que vemos no país”, disse à BNamericas o CEO da Yara Industrial Solutions, Jorge Noval. 

Ele destacou que essa estratégia gera um círculo vicioso, remunerando também os agricultores pelo aproveitamento do biogás. 

Além da suinocultura, outra fonte do biocombustível é a vinhaça resultante da produção de etanol de cana-de-açúcar. 

“Ninguém tem a escala que o Brasil tem no agronegócio, particularmente no que diz respeito à indústria de açúcar e álcool”, afirmou Noval.

Além de fertilizantes, outro potencial consumidor do biometano é a indústria química, contribuindo para a reindustrialização almejada pelo governo federal. 

“Estamos discutindo isso com diferentes companhias, e acredito que vai acontecer. Não entendo por que está levando tanto tempo. É receita adicional para o agro, oportunidade para a indústria química e para o Brasil se reindustrializar”, ressaltou o executivo. 

Há, no entanto, vários obstáculos a serem superados.

“Precisamos que haja mais produção de biometano no Brasil”, afirmou Noval, assinalando que a situação do mercado de gás no Brasil no curto prazo é “preocupante” devido ao alto custo do combustível no mercado nacional. 

Em outra frente de trabalho no país, a Yara estuda projetos de hidrogênio verde com a Petrobras. Em fevereiro, a empresa assinou um master agreement com a Petrobras para estruturar uma potencial parceria na área.

Para Noval, o marco regulatório do hidrogênio verde, aprovado em julho pelo Congresso Nacional, está na direção correta.

“Penso que um sistema de carbon trade e carbon tax poderia ajudar também a descarbonizar a economia brasileira mais rapidamente”, sugeriu o executivo. 

O parlamento discute, neste momento, um projeto de lei (PL 182/2024), que cria o mercado regulado de carbono no Brasil.