Por que o BC ainda não reduziu a Selic

Embora a inflação brasileira esteja diminuindo, os observadores não esperam uma redução na Selic tão cedo.

O IPCA aumentou 0,61% em abril, elevando o acumulado em 12 meses para 4,18%, segundo o IBGE. Em março, o IPCA atingiu 0,71% e 4,65% no ano. A meta do Banco Central (BC) para 2023 é de 3,25%, 1,75% no limite inferior e 4,75% no limite superior.

No entanto, a inflação de abril foi maior do que o previsto, com as pressões inflacionárias ainda sendo generalizadas.

“Ainda não estamos em um nível de conforto suficiente para o BC começar a cortar os juros. A tendência é que a redução comece apenas na reunião do Copom em agosto, após a aprovação das novas regras fiscais pelo Congresso”, explicou à BNamericas André Perfeito, economista-chefe da corretora local Necton.

O BC manteve a Selic em 13,75%. No entanto, a taxa alta causa atritos com o governo, como mostram as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do BC, Roberto Campos Neto.

O Congresso está discutindo um novo marco fiscal apresentado pelo governo, que visa substituir um limite de gastos e facilitar os investimentos públicos. O teto foi implementado em 2017 e limita o crescimento dos gastos públicos à taxa de inflação do ano anterior.

“A aprovação da nova regra fiscal está muito ligada à taxa de juros, porque só com ela teremos clareza de como serão os gastos do governo”, acrescentou Perfeito.

A proposta do governo sugere limitar os gastos a 70% do aumento de receita projetado para o ano corrente, de forma que os gastos ainda cresceriam em ritmo inferior ao da receita. Mas a proposta também contém um mínimo de investimento público de R$ 75 bilhões (US$ 15 bi), ajustável pela inflação.