Por que o Brasil pode se destacar no mercado global de combustíveis verdes

O Brasil possui grandes vantagens comparativas para se destacar no mercado internacional de combustíveis verdes ou renováveis.

Esta é a opinião de Victor Arduin, analista de energia e macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets.

O Brasil é um dos países com os menores custos de produção de hidrogênio e possui uma indústria bem desenvolvida de etanol, molécula que pode ser convertida em hidrogênio por meio de processos químicos, disse Arduin à BNamericas.

É também líder mundial na produção de etanol de segunda geração (E2G), produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar, e o segundo maior produtor de biodiesel. “Nossa produtividade agrícola acaba beneficiando o volume de insumos dessa indústria, principalmente açúcar, milho e soja”, acrescentou.

PETROBRAS

Depois de quase uma década focada na exploração e produção de petróleo bruto, a Petrobras decidiu diversificar seu portfólio e pretende se tornar um grande player na transição energética.

Maior empresa de refino do país, a estatal está investindo na expansão da sua capacidade de diesel renovável e de combustíveis de aviação sustentáveis.

No início desta semana, a empresa assinou um memorando de entendimento com a Mubadala Capital para explorar um possível investimento da Petrobras em um projeto de biocombustível sendo desenvolvido na Bahia.

Através da subsidiária local Acelen, a Mubadala opera a refinaria de Mataripe, que comprou da Petrobras durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

No domingo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a Petrobras deveria recomprar a usina.

Como resultado do fim da política de preços de paridade de importação (PPI) no sistema da Petrobras, os combustíveis vendidos pela Acelen são mais caros do que os vendidos pela estatal.

“Os baianos e sergipanos têm pago preços mais elevados de combustíveis do que nas regiões onde estão localizadas as refinarias controladas pela Petrobras”, afirmou Silveira.

A estatal não quis comentar o assunto quando procurada pela BNamericas.

MERCADOS

Apesar do progresso na transição energética em muitos países, a queda na procura de combustíveis fósseis foi menor do que o esperado, destacou Arduin.

“O mundo não está conseguindo acompanhar a demanda por produtos refinados e isto se reflete nos preços, que estão subindo”, afirmou. Ele também destacou o aumento da demanda na Ásia e na América Latina, onde o Brasil vem recentemente revisando para cima as projeções de crescimento do PIB. “Isto poderia se traduzir em um maior consumo de diesel”, acrescentou.

Além disso, a guerra da Rússia na Ucrânia continuou a ter impacto na oferta.

Arduin destacou que este ano foi marcado por oscilações significativas na indústria petrolífera, com uma queda acentuada dos preços no início do ano, a qual foi revertida no segundo semestre. Além disso, as preocupações com os baixos estoques estão impactando os preços da gasolina e do diesel.

No caso das refinarias, estas registaram margens de lucro elevadas desde janeiro, com os crack spreads dos produtos refinados estando em seu nível mais elevado dos últimos anos.