Por que o setor de infraestrutura ruma para a consolidação no Brasil

O setor de infraestrutura brasileiro está mais uma vez em um caminho de consolidação, à medida que os players lidam com altas taxas de juros e inflação.

Antes de estourar o escândalo da Lava Jato, o mercado era dominado por poucos conglomerados.

“Vemos um cenário favorável para um movimento de consolidação, já que muitas empresas de alguns segmentos se alavancaram excessivamente. Com a alta muito agressiva das taxas de juros no mundo, tendemos a ver empresas buscando alternativas, até mesmo para vender ou juntar operações com outros”, disse à BNamericas Douglas Bassi, diretor e sócio da empresa brasileira de consultoria financeira Virtus BR Partners.

A consolidação é especialmente pronunciada no segmento de rodovias, porque muitas empresas que adquiriram concessões federais e estaduais estão lutando para controlar custos em meio a preços de asfalto e cimento acima da inflação.

A concessionária brasileira de rodovias Arteris, controlada por AbertisInfraestructuras e Brookfield JV Partícipes, está avaliando uma venda.

“A Partícipes está realizando um exercício de sondagem de mercado com o objetivo de identificar terceiros que possam estar interessados em investir na Arteris”, informou a empresa em comunicado.

A consolidação indireta já começou, pois os leilões recentes registraram pouca concorrência, com apenas as empresas de infraestrutura CCR e Ecorodovias obtendo os maiores ativos.

Outros segmentos que costumavam atrair licitantes, como saneamento e iluminação pública, terão desenvolvimentos de consolidação semelhantes.

As concessões de saneamento são conquistadas por poucas empresas, como Aegea Saneamento, Iguá Saneamentoe Saneamento Ambiental Águas do Brasil (SAAB), embora a regulamentação tenha sido alterada em 2020 para facilitar a concorrência e o investimento privado.

A consolidação também pode ocorrer por meio de aquisições. O aumento das taxas de juros dificultou que os players do setor avançassem nas ofertas de ações, o que teria sido uma opção para financiar planos de investimento.

No segmento de iluminação pública, que teve várias PPPs nos últimos anos, um movimento semelhante surgirá.

“Nos próximos dois ou três anos, com a oferta de novos contratos, acredito que teremos novos players entrando no mercado. Após esse período de novos contratos, revisados ou não, devemos começar a ver um movimento de consolidação”, explicou Pedro Vicente Iacovino, presidente da associação de concessionárias de iluminação pública Abcip, à BNamericas.