Principais reservatórios brasileiros atingem menor nível em 3 anos

Os reservatórios hidrelétricos do subsistema Sudeste/Centro-Oeste do Brasil atingiram o menor nível médio em quase três anos, segundo os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

O nível atual de 43,9% da capacidade se compara aos 41,7% registrados em janeiro de 2022.

Nível de armazenamento de energia no subsistema Sudeste/Centro-Oeste (%). Fonte: ONS

O subsistema Sudeste/Centro-Oeste responde por 70% da capacidade de armazenamento de água do Brasil.

Os níveis dos subsistemas Sul, Nordeste e Norte estão atualmente em 56,5%, 47,8% e 71,3%, respectivamente. O nível médio nacional é de 49%.

O país está passando por uma seca grave – ainda pior do que a observada em 2021 – que afetou os preços da energia elétrica devido à grande dependência do país da energia hidrelétrica.

Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da Nottus, explica que a falta de chuvas resulta do fenômeno climático El Niño, que tem sido potencializado pelas mudanças climáticas.

“O fenômeno normalmente provoca chuvas intensas apenas no Sul do Brasil e prejudica a temporada de chuva no restante do país, deixando as temperaturas elevadas”, disse à BNamericas.

Segundo o especialista, essa situação tende a mudar com o fim do El Niño.

“Deve chover de normal a acima da normalidade nos próximos três meses, e isso deve ajudar a recuperar o sistema. O tamanho dessa recuperação vai depender da chuva do primeiro trimestre de 2025”, pontuou Nascimento.

Para preservar os reservatórios nacionais de água, o ONS está restringindo a geração hidrelétrica e distribuindo energia de usinas térmicas adicionais, que são mais caras.

Como consequência, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária de energia elétrica passará a ser vermelha, patamar 2, em outubro, o que indica que haverá cobrança adicional na conta de luz dos consumidores.

Enquanto isso, os preços de energia no mercado livre (não regulado) ultrapassaram R$ 560/MWh (US$ 100/MWh), após mais de dois anos permanecendo em R$ 60/MWh, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Em uma reunião realizada na quarta-feira pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), o ONS apresentou um cenário que prevê a utilização de diversos recursos, incluindo despacho termelétrico mais intenso, importação de energia e flexibilização de regras operativas, com o objetivo de garantir esse atendimento nos meses de outubro, novembro e dezembro.

Com relação ao uso mais intenso do parque termelétrico, o CMSE recomendou que a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) tome medidas para garantir o fornecimento regular de gás natural para geração de energia elétrica.

Na mesma reunião, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o governo está avaliando se a adoção do horário de verão é necessária neste momento.

“É um tema absolutamente transversal, e não se pode decidir olhando apenas para um lado. O horário de verão é uma política global de economia de energia, mas só tomaremos essa decisão quando ficar claro de que sua adoção é imprescindível para o país nesse momento”, afirmou o ministro.